DE PAI PARA FILHA
No ano em que a Dassoler Contabilidade completou 35 anos
passou à segunda geração. Fundada em 1981 por Cloir Da Soller, a partir deste
ano, a empresa passou em definitivo às mãos de sua filha, Keli Lima Da Soller.
Formada em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Ciências
Contábeis pela UFSC e Unisul, Keli atuou em todos os setores da contabilidade
desde 2011 para entende-los no dia-a-dia e superou desafios dentro e fora do
escritório em Criciúma.
Sua determinação, fruto de personalidade forte, fez com que,
não somente superasse os desafios impostos pela idade, conquistasse respeito de
clientes e colegas de trabalho.
Quais dificuldades
você encontrou ao assumir o escritório?
Senti alguma dificuldade diante dos clientes pelo pouco
conhecimento que têm em gestão. Tive que remodelar o escritório criando um
documento para as rotinas, de protocolos ao atendimento. A equipe é maravilhosa
e recebeu-me muito bem. Sou grata a todos!
E o fato de ser
mulher e jovem diante do mercado?
A maioria dos clientes me recebeu muito bem, sem qualquer
empecilho. Porém, vou ser sincera, em relação a alguns houve restrições. Mais
pela idade. Quando cheguei tinha apenas 26 anos. Então, houve quem pensasse
“Como assim, uma menininha vai dizer como tenho que trabalhar?”. Aos poucos fui
conquistando-os com o auxílio do meu pai. Hoje a maioria telefona diretamente
pra mim.
Teu pai tem muita
experiência em contabilidade. Como é tua relação com ele?
Meu pai tem cerca de 40 anos de profissão. Por isso, no
início, ele teve que se adaptar mais a mim do que eu a ele. Aprendi muito com
ele, pois tem muito conhecimento. Mesmo assim eu trouxe coisas novas porque
também trabalhei num escritório de advocacia em Florianópolis, onde já havia a
setorização do trabalho, tudo definido por programação e sistemas
informatizados, por exemplo. Assim, fizemos juntos uma série de atualizações.
Qual a tua visão do
momento econômico do país e das políticas públicas do governo?
Muitos empresários não se prepararam para estas
dificuldades. Nós vínhamos alertando nossos clientes há três ou quatro anos.
Estava claro que o bom momento era temporário. Infelizmente a política
econômica do governo Dilma foi voltada para o populismo, para o crédito fácil,
o povo se endividou e a conta chegou. Não tivemos um desenvolvimento da nossa
indústria, nem da nossa infraestrutura. Estamos num momento muito ruim e que
tende a se alongar pelo próximo ano. Se tudo der certo começará a melhorar no
primeiro ou segundo semestre de 2018.
E o governo Temer...
Do Temer eu esperava mais atitude. Quando ele entrou o
mercado reagiu bem. Teve até uma certa euforia. Infelizmente não temos
políticos que pensem em livre mercado, nem em uma abertura maior. Vai continuar
esse populismo. A menos que surja alguém que trabalhe melhor a política de
mercado. Hoje ainda temos muito protecionismo para grandes empresas e
conglomerados. Enfim, muita regulação do mercado.
Como ficam as micro e
pequenas empresas?
O pequeno, o empresário de microempresa, não tem como
sobreviver. Não tem como cumprir toda a carga tributária. Não tem como cumprir
suas obrigações acessórias. Não tem metade dos benefícios que as grandes
empresas têm. O nosso capitalismo só beneficia os grandes conglomerados.
O que se pode esperar
para 2017?
Os meus votos são de que estabilize. Que tenhamos um período
de estabilidade política, que está faltando para este país. E posteriormente a
econômica. Antes da estabilidade política, de cessar essa bagunça em Brasília,
não teremos melhoras na economia. Que investidor acredita no Brasil? O problema
do Brasil é muito mais político que econômico.
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