SEM PROFESSOR...
A reclamação é recorrente quanto aos baixos salários dos professores (não vou discutir salários, mas apenas um argumento). Dentre os argumentos está um que me chama a atenção: "sem professor não há médicos, engenheiros...". Mas é assim mesmo?
Primeiro você tem que responder umas perguntas básicas:
1. O que entendemos como professor?
2. O que veio primeiro: o conhecimento ou o professor?
3. Quantos professores você conhece que ''criam'' novo conhecimento?
Vamos aos fatos (adoro fatos), sem os quais qualquer análise perde-se em achismos e idealismos vazios. O professor, nessa discussão, é o profissional formado em faculdade e que dá aulas na rede pública ou privada. No sentido lato é qualquer pessoa que ensina alguma coisa. Sendo o berro restrito basicamente aos professores da rede pública. No caso da dependência pura e simples é evidente que todos dependem de todos, o que torna o argumento inválido em si mesmo: sem o pedreiro e seu servente não haveriam salas de aulas; sem o profissional de gráfica o professor não teria livros; sem o mineiro o professor não teria giz.
Adiante. Em sua absoluta maioria, senão todos da rede pública, ao menos no Brasil, até o ensino médio, são repassadores de conhecimento. Não criam nada novo. A criação de conhecimento está, via de regra, restrita a pesquisadores que estão, salvo alguns raros, fora da sala de aula. Assim, não é o professor que vem antes do profissional, mas o pesquisador antes de todos. E, suponho, muito maior conhecimento novo advém da atividade profissional, do dia-a-dia, que da sala de aula. Além disso, um profissional pode passar seu conhecimento para outra pessoa? Pode. A formação de um profissional, em qualquer área (sim, em qualquer área) não está restrita ao professor em sala de aula.
Medicina é um exemplo extremo. Vamos ao meio-termo: um professor de matemática. Há um grupo de matérias cujos professores nada acrescentam ao conhecimento, senão reproduzem o que pesquisadores trazem à tona. O quê há de novo na Matemática, por exemplo? Que descobertas os professores de História têm feito? O quê um professor de português descobriu sobre nosso idioma?
Pois é, o professor não vem antes, mas depois. No máximo podemos dizer que teríamos um ciclo virtuoso, ou uma estrutura fundamental de reprodução, sem a qual as informações se perderiam. Sem livros não há professores, pois é neles que se registra o conhecimento para que seja perpetuado. Ou, sendo mais atual, sem os técnicos em Tecnologia da Informação os bits se perderiam e o que seria ensinado nas escolas? O professor é uma das engrenagens no processo e depende de quem assegura a manutenção do que se sabe somado ao que se descobre diariamente.
Primeiro surgem os profissionais, as demandas de mercado ou da sociedade, para depois os professores para que tais necessidades sejam supridas. Desconheço algo em que o professor tenha vindo primeiro. E onde estão os professores de datilografia?
O professor, e eis o ponto, dá ao produto uma embalagem atraente ou não (didática). E sua importância é absoluta. Porém, a embalagem tem sido atraente? Não. A regra geral não nos dá alento.
Este texto não trata da valorização via salários, planos de carreira etc. Trato apenas de um argumento que é tolo, fraco, do ponto de vista do conhecimento em si.
E continuaremos colocando nossas vidas nas mãos de quem não passou pela sala de aula, já que a manutenção dos nossos carros é feita, geralmente, por quem aprendeu na própria oficina, com um mecânico-professor.
A exaltação do professor perdeu-se no tempo. Isso é lamentável. Houve uma época em que esse profissional tinha status de semi-deus. Era uma autoridade. As professoras eram reverenciadas acima de mães. Perdemos algo que dava brilho às nossas vidas. Temos que resgatar esse sentimento, não pelo argumento citado, mas pelo fato de passar tanto tempo com nossas crianças e por serem referências morais. E neste sentido devemos separar os que são referência de uns meia-boca que estão atrapalhando o desenvolvimento do ensino neste país. Quem se habilita?
Para finalizar. O argumento analisado é fraco e sugiro aos professores que mostrem seu valor alijando clichês que não acrescentam em nada e não passam de torpeza intelectual. Assim, mostrarão que pensam acima da média e fazem jus ao status de semi-deuses de que tanto precisamos.
Primeiro você tem que responder umas perguntas básicas:
1. O que entendemos como professor?
2. O que veio primeiro: o conhecimento ou o professor?
3. Quantos professores você conhece que ''criam'' novo conhecimento?
Vamos aos fatos (adoro fatos), sem os quais qualquer análise perde-se em achismos e idealismos vazios. O professor, nessa discussão, é o profissional formado em faculdade e que dá aulas na rede pública ou privada. No sentido lato é qualquer pessoa que ensina alguma coisa. Sendo o berro restrito basicamente aos professores da rede pública. No caso da dependência pura e simples é evidente que todos dependem de todos, o que torna o argumento inválido em si mesmo: sem o pedreiro e seu servente não haveriam salas de aulas; sem o profissional de gráfica o professor não teria livros; sem o mineiro o professor não teria giz.
Adiante. Em sua absoluta maioria, senão todos da rede pública, ao menos no Brasil, até o ensino médio, são repassadores de conhecimento. Não criam nada novo. A criação de conhecimento está, via de regra, restrita a pesquisadores que estão, salvo alguns raros, fora da sala de aula. Assim, não é o professor que vem antes do profissional, mas o pesquisador antes de todos. E, suponho, muito maior conhecimento novo advém da atividade profissional, do dia-a-dia, que da sala de aula. Além disso, um profissional pode passar seu conhecimento para outra pessoa? Pode. A formação de um profissional, em qualquer área (sim, em qualquer área) não está restrita ao professor em sala de aula.
Medicina é um exemplo extremo. Vamos ao meio-termo: um professor de matemática. Há um grupo de matérias cujos professores nada acrescentam ao conhecimento, senão reproduzem o que pesquisadores trazem à tona. O quê há de novo na Matemática, por exemplo? Que descobertas os professores de História têm feito? O quê um professor de português descobriu sobre nosso idioma?
Pois é, o professor não vem antes, mas depois. No máximo podemos dizer que teríamos um ciclo virtuoso, ou uma estrutura fundamental de reprodução, sem a qual as informações se perderiam. Sem livros não há professores, pois é neles que se registra o conhecimento para que seja perpetuado. Ou, sendo mais atual, sem os técnicos em Tecnologia da Informação os bits se perderiam e o que seria ensinado nas escolas? O professor é uma das engrenagens no processo e depende de quem assegura a manutenção do que se sabe somado ao que se descobre diariamente.
Primeiro surgem os profissionais, as demandas de mercado ou da sociedade, para depois os professores para que tais necessidades sejam supridas. Desconheço algo em que o professor tenha vindo primeiro. E onde estão os professores de datilografia?
O professor, e eis o ponto, dá ao produto uma embalagem atraente ou não (didática). E sua importância é absoluta. Porém, a embalagem tem sido atraente? Não. A regra geral não nos dá alento.
Este texto não trata da valorização via salários, planos de carreira etc. Trato apenas de um argumento que é tolo, fraco, do ponto de vista do conhecimento em si.
E continuaremos colocando nossas vidas nas mãos de quem não passou pela sala de aula, já que a manutenção dos nossos carros é feita, geralmente, por quem aprendeu na própria oficina, com um mecânico-professor.
A exaltação do professor perdeu-se no tempo. Isso é lamentável. Houve uma época em que esse profissional tinha status de semi-deus. Era uma autoridade. As professoras eram reverenciadas acima de mães. Perdemos algo que dava brilho às nossas vidas. Temos que resgatar esse sentimento, não pelo argumento citado, mas pelo fato de passar tanto tempo com nossas crianças e por serem referências morais. E neste sentido devemos separar os que são referência de uns meia-boca que estão atrapalhando o desenvolvimento do ensino neste país. Quem se habilita?
Para finalizar. O argumento analisado é fraco e sugiro aos professores que mostrem seu valor alijando clichês que não acrescentam em nada e não passam de torpeza intelectual. Assim, mostrarão que pensam acima da média e fazem jus ao status de semi-deuses de que tanto precisamos.
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