BÍBLIA SE ENTENDE ESPIRITUALMENTE?
Note esses diálogos no meu mural do Facebook:
Vamos ao exercício dialético nosso de cada dia. Se me derem alguma resposta será no âmbito da minha razão, pois não faço parte do grupo privilegiado de conhecedores da linguagem espiritual. Eis que morre nisso sua intenção. Seria o mesmo que querer um diálogo com um cachorro (eu sou o cachorro). Essa de sentir o Espírito é uma enorme bobagem, pois como saber que o que sente é o tal? Sentimentos são voláteis e por isso não servem como referência para quase tudo. E se o certo for eu que não sinto nada disso?
A Graziela pôs algumas questões que são comuns entre crentes e reflete bem essa condição de pensar como o grupo pensa. Então, serve muito bem como exemplo. Vamos a elas:
Concentrar - tudo que leio o faço concentrado, mas há pessoas que têm capacidade de concentração pífia por imposição de sua formação genética, uma doença por assim dizer, como os hiperativos. Além disso, temos os que têm sua capacidade mental comprometida. Casos aprofundados de síndrome de Down, por exemplo, em que não conseguem adquirir a leitura. Há ainda a dependência da própria capacidade adquirida culturalmente. Ou seja, só leio na língua que aprendi. Como a Bíblia foi escrita em hebraico, aramaico e grego, sabendo somente o português, dependo de quem traduza os textos. Eis que seria essa tradução correta? Estaria incorrendo em erro involuntário se a tradução estivesse equivocada? Essas línguas são mortas pois não correspondem ao que temos hoje e mais, há enormes dificuldades de adaptação de uma estrutura linguística a outra: o português não consegue exprimir o pensamento exatamente como o Grego, pois há tempos verbais diferentes e palavras que não têm correspondente em nossa língua. Perde-se expressões que nos impedem de chegar ao que o texto original queria dizer de fato. Enfim, posso me concentrar num texto que não me leva à Verdade, ou a apenas parte dela. E, mesmo com toda a concentração, que diferença faria se leio, por exemplo, que Deus determina que filhos desobedientes sejam apedrejados? Sim, isso está na Bíblia.
Oração - É uma via de mão única. Quando oro eu falo, não necessariamente escuto. A oração, colocada dessa forma, tem aspecto místico, como se orar por si só produza alguma coisa. Nada é produzido na oração, senão um mero desabafo e se houver. Dar à oração a aura de algum poder é puro misticismo. E quer dizer que a iluminação só virá se eu orar? Que iluminador é esse que só age se for provocado? É o mesmo que dizer que Ele só ajuda quem pede e não porque vê a necessidade de ajudar.
"Fundo da alma" - Ora, haveria um "raso da alma"? Como é isso? Quando me concentro (atitude da mente) atinjo a alma? Há diferença entre alma e espírito? Que estado é esse de fundo da alma? Duvido que estejam claras essas questões para a própria autora. Mas é uma expressão recorrente e que basta apertar por um significado que não vem. Ora, "força de expressão" não pode ser usada para explicar algo como este. Além disso, como é que se faz isso? Cabe bem nesse caso os rituais de tantas culturas que usam até de movimentos corporais para atingir a alma. Não te ocorre desconfiar um cadinho disso tudo?
Crer de coração - Lê-se porque se crê ou lê-se para que se creia? Pode-se crer em algo antes de conhecê-lo? Só poderia ler a Bíblia se cresse nela? Não posso partir da dúvida? E esse crer seria fechar os olhos para algo que não faça sentido? Por que o ''de coração''? Crer não é exatamente crer? O ato de crer pode ser justamente fruto da incapacidade de abstrair do texto o que ele diz ou deixa de dizer - "creio porque não entendo". Crer pode ser a pura falta de opções, quando o sujeito aprende de uma forma sem que busque outras sobre o mesmo tema. Crer não basta porque se não houver entendimento no nível da razão nada será posto em prática. Por fim, eu atribuo ao texto algum valor estou crendo sem que dê a ele o ser verdade divina. Por que esse livro tem que ser divino pura e simplesmente?
Quem diz que a Bíblia tem que ser lida espiritualmente não sabe o que isso significa. É a conclusão mais óbvia a que posso chegar. Serve para colocar a coisa num âmbito tão pessoal que qualquer coisa serve. Ainda mais quando leio algo como "O Espirito não se vê, e não se estuda. Enfim o Espirito se sente, não tem como explicar. Eu sinto o Espirito, mas isso são experiencias pessoais, cada um tem a sua". Ou seja, não podemos atestar que a cara chegou a alguma verdade porque é pessoal. Quanta bobagem eu tenho que ler quando o assunto é fé, religiosidade, Bíblia, espiritualidade ou coisas do gênero.
Vamos ao exercício dialético nosso de cada dia. Se me derem alguma resposta será no âmbito da minha razão, pois não faço parte do grupo privilegiado de conhecedores da linguagem espiritual. Eis que morre nisso sua intenção. Seria o mesmo que querer um diálogo com um cachorro (eu sou o cachorro). Essa de sentir o Espírito é uma enorme bobagem, pois como saber que o que sente é o tal? Sentimentos são voláteis e por isso não servem como referência para quase tudo. E se o certo for eu que não sinto nada disso?
A Graziela pôs algumas questões que são comuns entre crentes e reflete bem essa condição de pensar como o grupo pensa. Então, serve muito bem como exemplo. Vamos a elas:
Concentrar - tudo que leio o faço concentrado, mas há pessoas que têm capacidade de concentração pífia por imposição de sua formação genética, uma doença por assim dizer, como os hiperativos. Além disso, temos os que têm sua capacidade mental comprometida. Casos aprofundados de síndrome de Down, por exemplo, em que não conseguem adquirir a leitura. Há ainda a dependência da própria capacidade adquirida culturalmente. Ou seja, só leio na língua que aprendi. Como a Bíblia foi escrita em hebraico, aramaico e grego, sabendo somente o português, dependo de quem traduza os textos. Eis que seria essa tradução correta? Estaria incorrendo em erro involuntário se a tradução estivesse equivocada? Essas línguas são mortas pois não correspondem ao que temos hoje e mais, há enormes dificuldades de adaptação de uma estrutura linguística a outra: o português não consegue exprimir o pensamento exatamente como o Grego, pois há tempos verbais diferentes e palavras que não têm correspondente em nossa língua. Perde-se expressões que nos impedem de chegar ao que o texto original queria dizer de fato. Enfim, posso me concentrar num texto que não me leva à Verdade, ou a apenas parte dela. E, mesmo com toda a concentração, que diferença faria se leio, por exemplo, que Deus determina que filhos desobedientes sejam apedrejados? Sim, isso está na Bíblia.
Oração - É uma via de mão única. Quando oro eu falo, não necessariamente escuto. A oração, colocada dessa forma, tem aspecto místico, como se orar por si só produza alguma coisa. Nada é produzido na oração, senão um mero desabafo e se houver. Dar à oração a aura de algum poder é puro misticismo. E quer dizer que a iluminação só virá se eu orar? Que iluminador é esse que só age se for provocado? É o mesmo que dizer que Ele só ajuda quem pede e não porque vê a necessidade de ajudar.
"Fundo da alma" - Ora, haveria um "raso da alma"? Como é isso? Quando me concentro (atitude da mente) atinjo a alma? Há diferença entre alma e espírito? Que estado é esse de fundo da alma? Duvido que estejam claras essas questões para a própria autora. Mas é uma expressão recorrente e que basta apertar por um significado que não vem. Ora, "força de expressão" não pode ser usada para explicar algo como este. Além disso, como é que se faz isso? Cabe bem nesse caso os rituais de tantas culturas que usam até de movimentos corporais para atingir a alma. Não te ocorre desconfiar um cadinho disso tudo?
Crer de coração - Lê-se porque se crê ou lê-se para que se creia? Pode-se crer em algo antes de conhecê-lo? Só poderia ler a Bíblia se cresse nela? Não posso partir da dúvida? E esse crer seria fechar os olhos para algo que não faça sentido? Por que o ''de coração''? Crer não é exatamente crer? O ato de crer pode ser justamente fruto da incapacidade de abstrair do texto o que ele diz ou deixa de dizer - "creio porque não entendo". Crer pode ser a pura falta de opções, quando o sujeito aprende de uma forma sem que busque outras sobre o mesmo tema. Crer não basta porque se não houver entendimento no nível da razão nada será posto em prática. Por fim, eu atribuo ao texto algum valor estou crendo sem que dê a ele o ser verdade divina. Por que esse livro tem que ser divino pura e simplesmente?
Quem diz que a Bíblia tem que ser lida espiritualmente não sabe o que isso significa. É a conclusão mais óbvia a que posso chegar. Serve para colocar a coisa num âmbito tão pessoal que qualquer coisa serve. Ainda mais quando leio algo como "O Espirito não se vê, e não se estuda. Enfim o Espirito se sente, não tem como explicar. Eu sinto o Espirito, mas isso são experiencias pessoais, cada um tem a sua". Ou seja, não podemos atestar que a cara chegou a alguma verdade porque é pessoal. Quanta bobagem eu tenho que ler quando o assunto é fé, religiosidade, Bíblia, espiritualidade ou coisas do gênero.
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