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    DA TEORIA DO NORMAL

    O que é normal?

    Primeiro devo lembrar que teoria é resultado da observação e análise do que demonstra a prática e não o ''conceito'' popular que coloca teoria como sendo algo a parte da prática. Formular uma teoria é criar uma linha geral a partir de realizações ou fatos. Um exemplo: posso teorizar sobre a construção de uma parede mesmo conhecendo-a apenas depois de pronta, sem ter tido acesso à sua construção. Sei que foi usado areia, cimento, tijolos, água e os profissionais envolvidos. Porém, não posso ter certeza, pois feito o reboco não vejo o tipo de tijolo (maciço, com furos etc) e nem se o assentamento envolveu cimento, pode ter sido feito apenas com barro. Essa definição dos materiais está afeta à época. Hoje um prédio pode ser feito com bloco estrutural que difere do concreto armado. Enfim, conhecer o histórico das paredes me faz teorizar.

    Sigamos!

    Observo as discussões sobre o que seja normal (equilibrado, correto e sadio) e as entendo como periféricas, pra não dizer que sejam superficiais. Para mim o normal está diretamente ligado ao instinto, aquilo que é comum na espécie, gênero etc. É aquilo que nos caracteriza independente da relação tempo/espaço. É do homem em todas as épocas, em todos os lugares.

    Precisamos lembrar o que aprendemos na escola sobre nós mesmos: mamíferos, humanos etc. Se não observarmos a base não temos como entender o que é mais aparente, que são as múltiplas sociedades que formamos ao longo desses milhares de anos como homo sapiens sapiens, que por sua vez é o somatório de tudo anterior a si mesmo.

    Nessa relação de instintos, como venho dizendo há anos, temos a auto-preservação (indivíduo) e a preservação da espécie (coletivo). Portanto, normal é o que segue essas duas vertentes. Daí homossexualidade e celibato, solidão e homicídio, não serem normais. Isso não significa excluir os que não se enquadram, mas aceitar sua existência e adaptar a convivência.

    Há uma campanha na mídia para colocar as pessoas fora dessa normalidade como sendo normais. Ora, um cego não é normal. Ele tem uma deficiência que faz dele alvo de cuidados que outros não precisam. Muito mais justo e coerente é tratar o anormal como anormal. Cegueira não é normal e pronto. O mal dessa relação está nos que não aceitam e repudiam, muitas das vezes com violência, quem está, digamos, fora do padrão. Essa não aceitação nem sempre está ligada ao mal em si. Veja o exemplo dos grupos que não se aceitam mutuamente: tribos de adolescentes. Esses grupos repudiam outros pelo simples fato de não pertencerem ao seu grupo, não se vestirem iguais etc. Isso reflete uma condição muito primitiva do grupo. É uma manifestação instintiva de auto-preservação pelo grupo. Essa gurizada não entende a si mesmo, do porque agirem assim. Da mesma forma vemos as torcidas de futebol, que é a manifestação mais evidente da não aceitação do outro e a mais burra também. Tudo isso está ligado à questão de grupo que se vê na natureza. As poucas exceções estão entre animais que vivem solitários, notadamente em locais inóspitos e de difícil acesso. Neste caso é a geografia afetando os hábitos.

    Nossas dificuldades não estão no que é normal ou anormal, mas como encaramos isso. Sugiro que as diferenças sejam tratadas como diferenças, muitas delas adversas à vontade do indivíduo. Em sendo assim valemo-nos do direito à formação de grupos por afinidades e que isso não seja motivo de tornar o outro grupo marginal, como se o outro não pudesse assim proceder. Quem marginaliza se coloca na condição marginal do ponto de vista do outro.

    Para finalizar. Não basta forçar a realidade como se fora possível muda-la. Mas ver nas muitas opções que criamos para formamos os grupos como algo na nossa natureza. Somos animais.

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