QUEM TEM QUE TER VERGONHA?
A palavra ''transparência'' para indicar contas públicas abertas, fiscalizáveis, números acessíveis, não está correta. Mas isso é apenas semântica, já que transparente é o que não se vê - o ar é transparente. Tampouco faz qualquer diferença no que tange ao uso do dinheiro público. Há décadas o governo federal publica suas contas, os Tribunais de Contas investigam os governos estaduais e municipais etc. Não há caso que não possa ser descoberto em se tratando de desvios de dinheiro para fins escusos ou de finalidade, que nem sempre é imoral. Neste caso, de não ser imoral, enquadra-se no ilegal, quando o dinheiro tem destinação exclusiva para uma ação, bem etc, e vai para outra coisa, igualmente necessária.
O problema não está nas formas de investigação ou acompanhamento. Mas nos agentes. Por exemplo, é prerrogativa dos legisladores (vereadores, deputados estaduais e federais, e senadores) o Pedido de Informação. Esse mecanismo faz com que eles tenham acesso a todas as informações que desejam, mesmo as sigilosas (sim, é da natureza dos governos terem informações que não sejam do conhecimento público como estratégias de segurança nacional, por exemplo).
Além disso, há enorme carência de técnicos, profissionais específicos, para detectarem desvios. Quando prestei serviço numa consultoria para a Secretaria da Saúde de Criciúma, em 2006, pude ver um pouquinho desse trabalho. Dois técnicos do Ministério da Saúde estiveram em Criciúma para investigar. Além de revirarem documentos, fizeram visitas in loco a postos de saúde etc. Esse trabalho não é fruto de denúncias somente, mas de apanhados aleatórios na esperança, inclusive, de surpreender administradores não tão dedicados à coisa pública. Em Içara várias irregularidades foram detectadas na gestão de Heitor Valvassori nessa mesma secretaria. Isso, de ser aleatório, se deve justamente porque não há gente suficiente.
Alguns governos fazem auditorias para verificarem o que foi feito antes de si. Isso, nem de longe é o caminho. Gentil da Luz passou mais de ano dizendo da herança desastrosa que recebeu. Isso foi encarado como choradeira, pois estava ali para resolver. Sim, foi eleito para resolver. Mas demonstrou, mais uma vez, a cultura pobre de nosso povo. Ora, se o povo não tratar com desprezo, dando vergonha pública, a quem não faz bom uso do que é público, não se dá o respeito. O povo cria, assim, o conceito do ''não dá nada''... nem vergonha para os maus.
O atual prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, jamais investigou qualquer ação dos governos estaduais em seus 10 anos de deputado e nem por isso teve cobrança alguma dos eleitores. Pelo contrário, foi agraciado num crescente aumento de votos e, enfim, coroado como prefeito. A impressão que dá é que o povo não quer saber de deputado cumprindo suas prerrogativas. O conceito de trabalho está absolutamente subvertido na política porque o próprio eleitor o subverteu.
Não faz muito tempo, coisa dos nossos avós, quem fosse pego metendo a mão na grana alheia tinha que fugir tal a vergonha que causava. Nossos avós fechavam as janelas da casa e passavam a não serem vistos se tal ocorresse com um membro da família. Se não somos capazes de execrar publicamente os safados, o que poderíamos esperar da Justiça? Nada. É dessa forma que aceitamos a malandragem, pela omissão.
Povo burro e omisso, que desconhece seus direitos e deveres, que fomenta uma cultura de aceitação da ladroagem traz sobre si mesmo a punição. O povo é punido sob a forma da falta de remédios e das consultas depois de meses, além de ruas e rodovias, cuja pavimentação não dura mais de alguns meses.
Vergonha na cara de eleitor será a vergonha na cara de político. Não o contrário.
O problema não está nas formas de investigação ou acompanhamento. Mas nos agentes. Por exemplo, é prerrogativa dos legisladores (vereadores, deputados estaduais e federais, e senadores) o Pedido de Informação. Esse mecanismo faz com que eles tenham acesso a todas as informações que desejam, mesmo as sigilosas (sim, é da natureza dos governos terem informações que não sejam do conhecimento público como estratégias de segurança nacional, por exemplo).
Além disso, há enorme carência de técnicos, profissionais específicos, para detectarem desvios. Quando prestei serviço numa consultoria para a Secretaria da Saúde de Criciúma, em 2006, pude ver um pouquinho desse trabalho. Dois técnicos do Ministério da Saúde estiveram em Criciúma para investigar. Além de revirarem documentos, fizeram visitas in loco a postos de saúde etc. Esse trabalho não é fruto de denúncias somente, mas de apanhados aleatórios na esperança, inclusive, de surpreender administradores não tão dedicados à coisa pública. Em Içara várias irregularidades foram detectadas na gestão de Heitor Valvassori nessa mesma secretaria. Isso, de ser aleatório, se deve justamente porque não há gente suficiente.
Alguns governos fazem auditorias para verificarem o que foi feito antes de si. Isso, nem de longe é o caminho. Gentil da Luz passou mais de ano dizendo da herança desastrosa que recebeu. Isso foi encarado como choradeira, pois estava ali para resolver. Sim, foi eleito para resolver. Mas demonstrou, mais uma vez, a cultura pobre de nosso povo. Ora, se o povo não tratar com desprezo, dando vergonha pública, a quem não faz bom uso do que é público, não se dá o respeito. O povo cria, assim, o conceito do ''não dá nada''... nem vergonha para os maus.
O atual prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, jamais investigou qualquer ação dos governos estaduais em seus 10 anos de deputado e nem por isso teve cobrança alguma dos eleitores. Pelo contrário, foi agraciado num crescente aumento de votos e, enfim, coroado como prefeito. A impressão que dá é que o povo não quer saber de deputado cumprindo suas prerrogativas. O conceito de trabalho está absolutamente subvertido na política porque o próprio eleitor o subverteu.
Não faz muito tempo, coisa dos nossos avós, quem fosse pego metendo a mão na grana alheia tinha que fugir tal a vergonha que causava. Nossos avós fechavam as janelas da casa e passavam a não serem vistos se tal ocorresse com um membro da família. Se não somos capazes de execrar publicamente os safados, o que poderíamos esperar da Justiça? Nada. É dessa forma que aceitamos a malandragem, pela omissão.
Povo burro e omisso, que desconhece seus direitos e deveres, que fomenta uma cultura de aceitação da ladroagem traz sobre si mesmo a punição. O povo é punido sob a forma da falta de remédios e das consultas depois de meses, além de ruas e rodovias, cuja pavimentação não dura mais de alguns meses.
Vergonha na cara de eleitor será a vergonha na cara de político. Não o contrário.
Nenhum comentário
Comentários com conteúdo agressivo não serão publicados.