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    "... e não teria ECA que o protegeria de mim."


    Perdi as contas de quantas vezes fui na escola apagar incêndios provocados por meu filho caçula. Desde o prezinho!
    Em três oportunidades fui na sala e perguntei aos colegas como ele se comportava. Houve um certo constrangimento, mas surgiram as vozes representantes dos demais. Numa das oportunidades uma menina falou: “O Henrique é muito legal. Mas ele também incomoda demais. A gente gosta dele”. Perguntei que tipo de coisa ele fazia. “Ele coloca o pé no caminho pra gente tropeçar”, dentre outras coisas. Na última vez a coisa foi mais grave porque reagiu a uma professora, tirando sua autoridade.
    Em nenhum momento dei cobertura aos seus malfeitos, jamais passei a mão na cabeça, jamais os errados foram os colegas ou professores sem uma avaliação. O caso é que a maioria dos pais dá cobertura às coisas erradas dos filhos para sofrimento dos colegas de rua e de escola.
    Minha filha certa vez comentou que um dos meninos estava importunando-a. Ouvi sem demonstrar apoio a ela, tampouco contrariei. Passado um tempo duas coleguinhas faziam tarefas com ela em minha casa e tocamos no assunto. As meninas esclareceram ainda mais a situação. Fui na escola. Entrei na sala e perguntei a todos o que aquele guri andava fazendo. Várias meninas falaram que ele, dois anos a mais que a média da sala, agarrava-as no intervalo de aulas etc. Foi então que me dirigi a ele e disse, com dedo em sua cara, que se fizesse mais aquilo se veria comigo e não teria ECA que o protegeria de mim. O problema acabou.
    Com meu filho do meio a coisa foi bem diferente. As professoras reclamavam dele e fui muitas vezes à escola. Fiz várias coisas de que me arrependo pela dureza da disciplina que usei. Ele era vítima de alguns outros guris que batiam nele. Somente soube anos mais tarde. As professoras e nós só víamos suas notas ruins. Cheguei a chorar na sala da orientadora pedagógica. Estava decepcionado comigo mesmo. Não sabia o que fazer. Passou um tempo e comecei a cobrar alguma atitude da professora. Ela me parecia fora de sintonia com seus alunos. Nada sabia de sakte, por exemplo. Foi então que a orientadora deixou escapar que a professora estava em fim de carreira, que não podiam fazer nada etc. Levantei e disse: “Ou dá um jeito na professora ou não me chame mais aqui”. Nunca mais me chamaram e meu filho perdeu dois anos em seus estudos.
    No primeiro caso citado eu dei um ultimato. Disse que se meu filho saísse para o recreio sem colocar as tarefas atrasadas em dia não me chamassem mais. Acompanhei um tempo e vi que as tarefas andavam lentamente. Um dia perguntei se estava indo para o recreio. Disse que sim. Liguei para a escola e cobrei a decisão tomada. Deram uma desculpa de que o guri estava ficando sozinho na sala de aula etc. Então eu disse: “Não me chamem mais”. E não me chamaram.
    Não falei de bullying? Falei sim. A questão é que os pais se distanciam dos filhos e a escola não dá respaldo. Os professores e direção não recebem treinamento, tampouco a faculdade que fazem dá alguma orientação. Não há, definitivamente, qualquer ação inteligente para essas crises que resultam em ‘bullying’ ou qualquer outro conflito.

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