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    O AMOR TAMBÉM FAZ MAL

    Tenho uma vizinha muito querida. Uma senhora classificada como ‘do lar’, com família estruturada, filhos bem educados, marido exemplar como cidadão e companheiro. Tudo dentro dos sonhos de muitas pessoas e que tem minha profunda admiração. Uma de suas ações de amor e dedicação é colocar água doce para os beija-flores. Contei 12 desses pássaros se deliciando com seu favor certa vez. Porém, isso tira deles sua relação com as flores e prejudica a polinização.

    Não raro vemos mães que, de tanta dedicação, tornam seus filhos inaptos para algumas das relações sociais. Em geral não sabem lidar com os conflitos de sua idade. Chegam a brigar com professores sem antes saber o que seus filhos ‘aprontaram’. Nesse particular a Teoria do Desenvolvimento Psicossocial de Erik Erikson traça fases claras sobre o desenvolvimento humano e que algumas mães insistem em não respeitar em seus filhos, principalmente no que tange às relações interpessoais que fazem parte do nosso crescimento.

    Um homem, na ânsia de ser o provedor e do sucesso profissional, dedica-se ao trabalho a ponto de negar à sua família sua presença. Seu esforço por uma vida melhor e estrutura financeira evitam que tenha o que há de mais significativo: afeto. Homens se acham dominadores e tendem a ter suas mulheres como posses. Um dos aspectos dessa posse eu trato no texto Maridos Inseguros, Homens Violentos.

    Fiquei pensando que esses exemplos podem ser classificados como amor. O sublime amor. Afinal, quando alguém que cuida (do seu jeito) dirá que aquilo que faz não é amor?

    O problema está criado. Quem ama faz aquilo que supõe ser o melhor. E quando seria de fato o melhor? Isso tem a ver com a informação que dispõe. Quem ama, em geral, parte daquilo que ele pensa ser o melhor, parte de suas informações, de seus conceitos, de sua visão e até de sua insegurança. Ora, essa visão precisa ser ampliada com conhecimento e diálogo, com a observação do mundo e das demais relações. Requer dedicação antes de decisão.

    Quem ama precisa ver seu objeto de amor pelo prisma das necessidades do amado. Rever o amor para amar de fato!

    3 comentários:

    1. Nossa André... ainda não conhecia seu blog! amei esse texto.. Assim q tiver um tempinho volto aqui e leio tudo e deixo comentários :)

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    2. O amor quando nos toma, como o maternal, por vezes nos cega. Olhar este amor pelo "prisma das necessidaades do amado", usar um pouco da razão e não só a emoção e realmente necessário e saudável.
      Carla Martins

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    3. "Quem ama não mata". Lendo este texto lembrei dessa frase, que aqui não a coloco como no sentido literal, mas sim, de matar todas as possibilidades de aprendizado, errar é uma delas.

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