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    TEMPESTADES NÃO NATURAIS

    Com essas tempestades que destroem casas e vidas lembrei do mito bíblico do profeta Jonas que se recusava ir para Nínive entregar um recadinho de Jeová. Fugindo num navio veio a tempestade e o pessoal começou a jogar peso fora para tentar manterem-se vivos. O "criminoso" dormia o sono dos justos. Apavorados, cada um clamava por seu Deus até que acordaram Jonas e o inquiriram. Confessando seu "crime" propôs jogarem-no ao mar. Relutantes por acharem-se homicidas e pela possibilidade de punição por isso, recusaram até que cumpriram com a proposta, vindo o peixe a engolir o "profeta".

    A penitência e a expiação de pecados impregnada

    Essa estória é emblemática para revelar o tipo de deus que gerou tanto o Islã, quanto o cristianismo. O primeiro se manteve mais próximo do original; e o segundo é uma anomalia, ora identificando-se com seu deus, ora sendo-lhe oposto.

    De qualquer forma temos algumas observações a serem feitas!

    Primeiro, ele mesmo não poderia jogar-se? Poderia. Por que envolver pessoas que não tinham nada a ver com isso e impor uma condição? O fato de isso servir para verem qual deus era o verdadeiro não poderia ser feito apenas através do cotidiano e individualmente? Claro que poderia. Afinal, o todo-poderoso conhece os pontos fracos de cada um. Imagine agir assim com todos que não estão dentro de sua "vontade"...

    Segundo, o deus bíblico impôs a Jonas uma missão negando-lhe o que chamamos de livre arbítrio. Negou a Jonas o simples direito de decidir sobre o que fazer de sua vida. Ora, se fosse para impor alguma coisa que o fizesse ao próprio povo daquela cidade e tudo estaria resolvido.

    Terceiro, vemos esse deus punindo pessoas inocentes, completamente ignorantes sobre o que ocorria, passando-as por pânico tremendo a ponto de jogarem ao mar parte de seus pertences. Cada item que foi ao mar levou consigo o esforço de quem o produziu ou comercializou. Foi-se parte da vida de várias pessoas traduzido num saco de alguma coisa. Mas isso parece ser nada. Te parece justo? A mim não. Ou você cobra uma conta de um quando o devedor é outro?

    Engolido por um peixe, passa três dias banhando-se em suco gástrico que, via de regra, diluiria seu corpo. Claro, aqui eis o que chamam de milagre. Mas voltemos ao próprio povo de Nínive que, diante de algum milagre, se converteria facilmente. É o deus do caminho mais longo, mais difícil, mais indiscernível.

    Quarto, movido de extrema má vontade foi à cidade e entregou seu recado, levando à comoção geral e conversão ao deus verdadeiro. É o único caso desse tipo na Bíblia. Coisa bem diferente com Sodoma e Gomorra, destruídas com "fogo e enxofre". O que se deduz é que os pecados de Nínive eram mais amenos, já que nas cidades destruídas havia comportamento sexual "pervertido". Imagino cá que nem prostituta tinha, nenhum ladrão ou assassino, nenhum caloteiro e picareta qualquer. Enfim, uma cidade de santos que precisavam ser salvos.

    Conclusão
    O caso enquadra-se perfeitamente na noção milenar de que as forças da natureza estão à serviço da vontade divina. Daí surgiram os sacrifícios e oferendas para vir uma boa colheita, por exemplo. Vê-se claramente essa noção de poder em todos os povos antigos e algumas mentes de hoje. Contudo, temos Sodoma, outro exemplo, acusada de um crime em que as pessoas envolveram-se por vontade própria (livre arbítrio), usufruíam de seus corpos no que lhes dava prazer e isso merece a morte trágica. Assassinato, roubo, estupro, calúnia ou outro crime qualquer contra outro ou contra a sociedade é menos ruim que a decisão voluntária e de foro íntimo entre dois seres adultos e cônscios de suas vontades. Jonas, tendo sua vontade pessoal ignorada, é punido com o cumprimento da "vontade" divina. Esta é a base em que se constituíram as duas maiores religiões do mundo atualmente. Que deus justo esse Jeová?!

    Ah, e no desespero da fúria da natureza, que pode destruir teu patrimônio e vidas, pedes para deus te proteger dum fenômeno que ele criou... A credulidade realmente emburrece!

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