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    PAIXÃO AGORA

    Quando jovem observava os mais velhos, inclusive nos filmes e novelas (afinal retratam algo da vida), em suas paixões. Achava estranho que pessoas com muitos fios de cabelos brancos pudessem se apaixonar e brigar por isso. Sim, cheguei a pensar o quão ridículos pareciam ao quererem viver algo da juventude. Bem, continuo achando estranho. Mas agora sou eu o ridículo.

    Ao chegar a quase meio século de vida, faço 50 anos em junho de 2016, me vejo laçado pela paixão por uma mulher, ou melhor, deslaçado por ela, solto, numa liberdade que não queria mais. "Maduro", cria que essas coisas não me pegariam. Seguia no alto da minha sapiência, sabedor do quanto não me deixaria abater. Olhava-a como se jamais deixasse de me querer. Quão tolo fui ao supor que o coração de uma mulher se deixasse dominar, quando o dominado era eu. Pois não somente me abati, quanto despenquei. Senti-me aos 15 anos, perdido...

    Ah, estou vivo!

    Puxa, por um lado a decadência de ainda não saber lidar com um pé na bunda, por outro, vivo para sentir essas coisas maravilhosas.

    Sentir a dor da rejeição é tão ruim quanto é bom vislumbrar a possibilidade de, mais uma vez, apaixonar-me e saber o quanto é delicioso. Eis que, num misto muito louco de sentimentos a porta de outra loucura se abre, mesmo que ainda não saiba, sequer, onde esteja. Em segundos vou e volto de uma paixão, de ódio, de raiva, de saudade, da falta... para as possibilidades.

    Novamente meus olhos veem um outro olhar que me fitava sem que eu me dedicasse a ele. Puxa, é tudo tão rápido. Mas porque demorar numa vida que pode desfazer-se agora?

    Bem, reconheço ter amado, como é mesmo que dizem?, "perdidamente". E exatamente por isso minha cabeça, aquela que pulsa no peito, está doendo por demais. Uma dor ardida, uma dor que sufoca, uma dor de ter vivido um caso com uma mulher maravilhosa. Uma dor que transmuta-se em novos momentos avidamente desejados e de muito tesão.

    A despeito de tudo, apaixonar-me foi bom demais. Por que haveria de não repetir? Voltar-me-ei para um novo amor - sei que posso. Sim, vou amar de novo, vou sentir o coração disparar de novo, vou enlouquecer na ansiedade da primeira transa e me encantar de novo, feito um adolescente bobo.

    Que vida é essa que posso viver mais uma vez? Sim, vive-la-ei o quanto puder.

    Aos 15 anos novamente!!!

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