A NUDEZ NUA
Por que a nudez agride tanto? Por que somos tão preocupados, alguns pelo menos, em que o outro não mostre seu corpo? Neste texto espero que o nudismo seja tratado com um pouco mais de nudez. Ou a nudez com um pouco mais de nudismo.
Era sexta-feira, dia 7 de Agosto, quando postei um vídeo de um homem nu, andando pela avenida Centenário, em Criciúma, que me fora enviado via WhatsApp. O rapaz padece de esquizofrenia e não foi a primeira vez que faz isso. Seria um sucesso, como foi. Chegou a mais de 23 mil visualizações em 14 horas, contando que nesse período estava a madrugada, até que deletei-o.
Nesse dia ponderei com pessoa da minha relação pessoal e deletei-o porque me senti constrangido e percebi que havia errado, tal a condição do sujeito. Evidente que a informação de sua doença veio depois da postagem.
A partir disso passei a considerar do porquê da nudez nos agredir tanto. Vamos a alguns pontos, de suposições a teorias, sem ordem de importância. Contudo, devemos considerar que originalmente, segundo a ciência, surgimos em terras quentes e por isso nossa pele não nos serve, necessariamente, para nos aquecer. Com as migrações chegamos ao frio europeu, vindos da África. Nesse momento já dominávamos boa linguagem, tecnologias de caça e uso de peles de animais. A roupa, digamos, impediu que nos adaptássemos ao frio como um urso polar, por exemplo.
Chegamos ao primeiro ponto: a roupa passou a ser uma "pele", mesmo que ainda tenhamos silvícolas que não a usa ou aborígenes que mal cobrem a genitália. Naturalmente a nudez é nossa forma natural de andar e a cultura nos faz conceber uma outra forma. Paralelamente temos os "naturalistas" que formam grupos sociais, como as praias de nudismo, nos quais a roupa é abolida. Há ainda casos de exibicionismo, quando há o desejo de que outros vejam o ato sexual - outro tema, para outra postagem.
A nudez agride ou é revestida de curiosidade, fetichismo, voyerismo, porque é coberta. Deixou de ser "natural" e passou a ser algo da intimidade.
Há o que considero ainda mais interessante: a concorrência entre as mulheres. A beleza do corpo é fator essencial na competição pelo acasalamento. Tanto que a roupa, nossa segunda pele, compõe umas das formas mais exploradas de atração sexual, pois visa embelezar, muito mais que proteger, coisa de sua origem. A roupa faz parte do apelo ao macho e a nudez seu ápice. No mundo subliminar feminino essa competição é deveras acirrada e a beleza de uma é agressão a outra, caso sintam-se competindo pelo mesmo macho ou machos. E a linguagem é essa mesmo!
Considerando outro aspecto fundamental nesse assunto que é a dificuldade recorrente de lidar com o sexo. O oceano de barreiras na cama é incrível. Da religião à educação da família. Do "pecado" ao nojo. Da ligação de sexo ao caráter à ideia de que a mulher tem que dificultar as coisas para não ser taxada de "fácil".
O caso do rapaz revela a relação entre reservas quanto à nudez e o ato de pensar. Acometido de esquizofrenia, assim como outros tantos desarranjos mentais, tirar a roupa em público não foi problema para ele. Nossa necessidade de cobrirmos o corpo vem da razão. É ela que cria coisas absurdas como o uso da Burca. É ela que cria ícones adorados no catolicismo, todos totalmente cobertos com panos que evitam até as "curvas"... Enfim, desde a mais tenra idade nos é incutido uma ligação fortíssima com a roupa, tanto para cobrir, quanto para embelezar. A razão também nos faz aceitar sem problemas que o corpo seja exposto na praia. Há uma conexão, ou desconexão, estranha nisso. Nossa mente desliga-nos desses princípios para reduzirmos a roupa a frações do costumeiro e sem constrangimentos.
Assim, criaram-se muitas e diversas formas de reprimir a nudez. Muitas ligadas aos meandros mentais inconfessáveis e até mesmo desconhecidos do próprio agente. A repulsa ao ato de andar nu remonta, inclusive, à negação do desejo. Sim, trata-se de condenar aquilo que deseja fazer. Na impossibilidade de realizá-lo, proíbo-o. Coisa comum da religião, por exemplo.
Por fim, vale ressaltar que nossa espécie chegou a um ponto que a repressão faz sentido. Aqueles que rompem com esses códigos, via de regra, envolvem-se com um mundo sem outras regras de convivência como se vê na prostituição - um mundo absolutamente arriscado. Talvez a exceção sejam os clubes de swing, onde as mulheres cultuam a nudez e ditam as regras. (Sobre SWING leia AQUI).
Bem, são algumas considerações que certamente não encerram o assunto.
Abraços!
Era sexta-feira, dia 7 de Agosto, quando postei um vídeo de um homem nu, andando pela avenida Centenário, em Criciúma, que me fora enviado via WhatsApp. O rapaz padece de esquizofrenia e não foi a primeira vez que faz isso. Seria um sucesso, como foi. Chegou a mais de 23 mil visualizações em 14 horas, contando que nesse período estava a madrugada, até que deletei-o.
Nesse dia ponderei com pessoa da minha relação pessoal e deletei-o porque me senti constrangido e percebi que havia errado, tal a condição do sujeito. Evidente que a informação de sua doença veio depois da postagem.
A partir disso passei a considerar do porquê da nudez nos agredir tanto. Vamos a alguns pontos, de suposições a teorias, sem ordem de importância. Contudo, devemos considerar que originalmente, segundo a ciência, surgimos em terras quentes e por isso nossa pele não nos serve, necessariamente, para nos aquecer. Com as migrações chegamos ao frio europeu, vindos da África. Nesse momento já dominávamos boa linguagem, tecnologias de caça e uso de peles de animais. A roupa, digamos, impediu que nos adaptássemos ao frio como um urso polar, por exemplo.
Chegamos ao primeiro ponto: a roupa passou a ser uma "pele", mesmo que ainda tenhamos silvícolas que não a usa ou aborígenes que mal cobrem a genitália. Naturalmente a nudez é nossa forma natural de andar e a cultura nos faz conceber uma outra forma. Paralelamente temos os "naturalistas" que formam grupos sociais, como as praias de nudismo, nos quais a roupa é abolida. Há ainda casos de exibicionismo, quando há o desejo de que outros vejam o ato sexual - outro tema, para outra postagem.
A nudez agride ou é revestida de curiosidade, fetichismo, voyerismo, porque é coberta. Deixou de ser "natural" e passou a ser algo da intimidade.
Há o que considero ainda mais interessante: a concorrência entre as mulheres. A beleza do corpo é fator essencial na competição pelo acasalamento. Tanto que a roupa, nossa segunda pele, compõe umas das formas mais exploradas de atração sexual, pois visa embelezar, muito mais que proteger, coisa de sua origem. A roupa faz parte do apelo ao macho e a nudez seu ápice. No mundo subliminar feminino essa competição é deveras acirrada e a beleza de uma é agressão a outra, caso sintam-se competindo pelo mesmo macho ou machos. E a linguagem é essa mesmo!
Considerando outro aspecto fundamental nesse assunto que é a dificuldade recorrente de lidar com o sexo. O oceano de barreiras na cama é incrível. Da religião à educação da família. Do "pecado" ao nojo. Da ligação de sexo ao caráter à ideia de que a mulher tem que dificultar as coisas para não ser taxada de "fácil".
O caso do rapaz revela a relação entre reservas quanto à nudez e o ato de pensar. Acometido de esquizofrenia, assim como outros tantos desarranjos mentais, tirar a roupa em público não foi problema para ele. Nossa necessidade de cobrirmos o corpo vem da razão. É ela que cria coisas absurdas como o uso da Burca. É ela que cria ícones adorados no catolicismo, todos totalmente cobertos com panos que evitam até as "curvas"... Enfim, desde a mais tenra idade nos é incutido uma ligação fortíssima com a roupa, tanto para cobrir, quanto para embelezar. A razão também nos faz aceitar sem problemas que o corpo seja exposto na praia. Há uma conexão, ou desconexão, estranha nisso. Nossa mente desliga-nos desses princípios para reduzirmos a roupa a frações do costumeiro e sem constrangimentos.
Assim, criaram-se muitas e diversas formas de reprimir a nudez. Muitas ligadas aos meandros mentais inconfessáveis e até mesmo desconhecidos do próprio agente. A repulsa ao ato de andar nu remonta, inclusive, à negação do desejo. Sim, trata-se de condenar aquilo que deseja fazer. Na impossibilidade de realizá-lo, proíbo-o. Coisa comum da religião, por exemplo.
Por fim, vale ressaltar que nossa espécie chegou a um ponto que a repressão faz sentido. Aqueles que rompem com esses códigos, via de regra, envolvem-se com um mundo sem outras regras de convivência como se vê na prostituição - um mundo absolutamente arriscado. Talvez a exceção sejam os clubes de swing, onde as mulheres cultuam a nudez e ditam as regras. (Sobre SWING leia AQUI).
Bem, são algumas considerações que certamente não encerram o assunto.
Abraços!
Nenhum comentário
Comentários com conteúdo agressivo não serão publicados.