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    LIÇÕES DA CALÇADA

    O caso dos carros estacionados na calçada da praça Nereu Ramos, há alguns meses, coisa esvaindo-se na lembrança, que resultou numa reação furiosa dos presentes à missa da catedral, gerou várias leituras para mim. Principalmente a partir dos comentários em rede social de quem insurgiu-se contra a ASTC, responsável pelo trânsito.

    E porque voltar ao assunto agora? Porque comecei este texto no calor do momento e ficou inacabado, piscando para mim na área de rascunhos deste blog.

    Saltou aos meus olhos este caso, como exemplo aos que virão por aí, pois teve um histórico de incidentes. Não foi algo somente do momento.

    Sigamos. Houve dois ''berros'': dos que queriam a calçada e a praça respeitada e dos que não admitiram multa para aquele tipo de transgressão. A despeito de seguir ou não a Lei, prefiro transitar pelos ''berros''. Fruto da possibilidade de berrar.

    Foram dois berros com sons diferentes. Um pelos institutos da reclamação (telefone, Ministério Público, imprensa, rede social). Outro pela voz mesmo, imprensa e rede social. O primeiro feito por mais de um ano; o outro no calor do momento. Um nas mais das vezes solitário, individual; o outro, por um grupo enfurecido.

    A razão da fúria não estava no impedimento de estacionar, mas no fato de haver dinheiro (o despendido para pagar a multa) em jogo. Não houve uma reivindicação minimamente organizada para que a praça fosse ocupada. Quando dos outros momentos ninguém, nem mesmo o presidente do CAEP (não o conheço, mas suas manifestações públicas à época foram deprimentes) articulou contrário à ASTC de forma preventiva.

    O dinheiro transcende o bom senso. Por ele nos movemos de forma irracional, às vezes. Talvez essa seja uma das razões pelas quais os grande filósofos, com exceção de Voltaire e Montesquieu, tenham vivido quase na miséria. O dinheiro nos deixa insanos, tanto que naquele dia houve quem furasse um pneu da viatura e outros agredissem verbalmente os agentes que cumpriam ser dever.

    O dinheiro, símbolo de poder, não pode ser ameaçado. O dinheiro é posse hoje daquilo que pode ser comprado amanhã. Ele dá a sensação de segurança e estabelece um vínculo de bem estar futuro. É a transformação do esforço do trabalho em algo material. Há muita simbologia no dinheiro. Mas não se resume nisso.

    A multa é a punição pública. E quem quer ser punido publicamente? Quem se sente bem em saber que seu nome foi visto, numa cadeia de informações do sistema, por outras tantas pessoas. Até o carteiro, mesmo com envelope lacrado, sabe que aquilo ali é uma penalidade e que quem recebe cometeu ilícito. Há nisso uma ponta de vergonha. Vergonha, essa, que só surge quando do flagrante. É como a criança que se arrepende do biscoito furtado porque sua mãe o surpreendeu antes do almoço.

    Eis, nisso tudo, manifestações de nossa humanidade. E, convenhamos, temos que admitir: somos humanos!

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