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    QUEM AMA NÃO TRAI?

    Se a questão fosse, de fato, amor, quem ama não se importaria com as puladas de cerca do outro porque seu amor o faria feliz com o prazer que o outro teve. Nunca foi uma questão de amor e não se trata de amor!

    Ah, a traição... Tema recorrente e inesgotável sobre a relação entre cônjuges. Bem, não serei eu a me desviar do assunto. Vamos pular o conceito de traição, aceitando o usual: sexo com outro que não o cônjuge e sem que ele saiba. Mas antes deem uma lida nessa forma de evitar conflito e ainda transar muito com outros e outras que você lê AQUI. Num outro texto, de forma até poética, vou um pouco além desse conceito que você lê AQUI.


    Historicamente foi construído o império da fidelidade. Nos 10 mandamentos da Bíblia, por exemplo, está que não devemos cobiçar a mulher do próximo. Mas não diz que a mulher do próximo não deva cobiçar, tampouco que não ceda à cobiça alheia. Um joguinho de palavras bem interessante. Ora, essa Lei era para o povo hebreu, não valendo para o outro de outra fé. Daí, vem o cara que dá em cima da mulher hebreia e ela, como não tem sobre si a determinação de não ceder... Evidente que não é isso, mas mostra como podemos achar um jeitinho de driblar uma regra, mesmo a mais clara. Além disso, para o traído não importa religião, Deus ou igreja. A cornitude é inaceitável para alguns. Para outros não chega a ser um problema.

    Há um evidente antagonismo nessa relação. Evidenciamos a importância do amor e de que quem ama não trai. Contudo, por que considerar que só se pode amar a uma pessoa de cada vez? Conseguimos amar pai e mãe, irmãos e irmãs, filhos e filhas ao mesmo tempo, mas não poderíamos amar mais de um cônjuge? Sendo o sexo a única diferença entre os casos. É evidente que podemos. Não só podemos como amamos. Afinal, além de amarmos várias pessoas ao longo da vida, com as quais queremos e tivemos sexo, é óbvio que nos interessamos afetivamente por outras pessoas que não nossos cônjuges ao longo de um relacionamento estável. A estabilidade de um relacionamento não elimina nosso desejo por outro. Quiçá fosse assim.

    A experiência de vários casais tem demonstrado que a monogamia é uma decisão pessoal, não uma lei irrevogável e absoluta.

    Quem ama pode sim trair. O caso é que também nos deparamos com o ímpeto da exclusividade. O caso não é de traição em si, mas de posse. Queremos ser donos do outro, de ter sua exclusividade sexual, de mandar em seus desejos. Mas também do medo da concorrência: E se ela for melhor que eu na cama? Aqui entra o desejo de pertencer e ser protegido por aquele homem. Soma-se a isso o medo do abandono por encontrar alguém melhor. O império da fidelidade protege os ruins de sexo, os maus fodedores, os que não se importam em agradar como parte essencial do casamento, os que olham apenas para os seus próprios desejos.

    Os conflitos se seguirão a menos que o casamento, ou namoro, seja tratado com racionalidade que o tesão requer. Porque em se tratando de irracionalidade já basta o próprio tesão.

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