SEXO, SEXO, SEXO... Entrevista com Rita Rostirolla
Não sei por que estou na lista de amigos da Rita Rostirolla do Facebook e ela na
minha. De qualquer forma resolvi fazer contato depois de meses vendo-a online.
Qualquer pessoa que se dedica a tratar do sexo de forma educada, científica e
aconselhadora tem que ser ouvida. O maior dos nossos prazeres já foi maltratado
demais para não nos valermos de todos os meios para que caiam preconceitos e
nojos bobos. Informação é o único meio de queimar etapas e os casais desfrutarem
do sexo com todas as suas nuances. Diante disso, espero que esse papo com a
Rita que, confesso, foi muito breve para meu apetite, seja proveitoso para, ao
menos, desnudar possibilidades. A entrevista foi feita pelo Facebook.
Conforme está em seu site, Rita Ma Rostirolla,
46 anos, é gaúcha, e consultora comportamental, especialista há cerca de 16
anos na abordagem de assuntos como autoestima, estética, comportamento feminino
e masculino, repressão sexual, comunicação entre os casais, rotinas dos
relacionamentos, intimidade e sensualidade. É considerada
a primeira Sex Personal Trainer do Brasil por ter sido pioneira ao
desenvolver técnicas especiais de sedução e conquista. Já ajudou mais de
600 mil mulheres a mudarem a rotina do seu dia-a-dia e relacionamentos no
Brasil e no exterior, com aulas que ensinam o trabalho com a autoestima,
desinibição, renovação de relacionamentos e dicas diversas para a intimidade.
São cerca de 2500 mulheres e casais atendidos por semana, entre cursos e
palestras em empresas, associações e órgãos públicos brasileiros.
Somente seu perfil no Facebook tem mais de 20 mil seguidores |
André Roldão – Quais foram tuas observações do público feminino que te levaram a optar por
falar de sexo tão abertamente?
Rita
Rostirolla – Falava abertamente com família e amigos. Aconteceu
naturalmente. Outras pessoas começaram a me procurar por isso.
AR – Durante séculos os
desejos femininos mudaram e mudaram muito, como saber se hoje, com esta
abertura, não há apenas um momento, sem que a mulher tenha identificado de fato
suas necessidades?
RR – Acredito que esse momento veio pra ficar. Até porque agora a mulher se
preocupa com seu prazer também. Antes era parte do momento, da situação em que
vivia. Hoje me parece que depois de idas e vindas, ela está conseguindo achar
seu caminho. Mas tem muita coisa ainda pela frente quando se fala em
"buscar prazer".
AR – Você disse em entrevistas sobre a sociedade ser machista. Fomos
educados por nossas mães, com pouca, às vezes nenhuma, participação do homem.
Então por que não seria uma sociedade feminista?
RR – Porque a educação que vinha delas já era submissa. Fomos educadas
pra dar prazer e não pra sentir.
AR – Nessa busca do prazer há riscos. Ouvi muitas falarem que têm medo
se 'machucar'. É possível mulheres buscarem o prazer sem que se envolvam
emocionalmente?
RR – Ainda acho que não. Sempre nos envolvemos de alguma forma.
AR – Isso tem a ver com serem românticas? Pelo menos a maioria é...
RR – Tem sim. Em grande parte...
AR – Há desejos de todo o jeito. Inclusive mulheres que tem taras por
transar com mais de um homem ou em locais exóticos. Isso também faz parte dessa
conquista da liberdade?
RR – Não sei isso tem a ver com liberdade ou simplesmente desejo. Fantasiar
faz parte da nossa vida, fazemos isso desde pequenos. Não vejo como uma busca
por liberdade, mas sim em brincar com o imaginário. Claro que alguns trazem
essa fantasia para o plano real também.
AR – No mundo do swing ou menage as mulheres dominam, só o que elas aceitam é
o que acontece. Por outro lado os homens são os que mais procuram esse tipo de
encontro. Mulheres te questionam sobre esse mundo onde o sexo está acima de
tudo?
RR – Fantasiar nos dá prazer. Portanto não vejo mal nenhum nisso. Questionam
sim, principalmente pelo desejo do parceiro. São poucas que me procuram que
realmente o desejo venha da parte delas.
AR – Elas demonstram medo, curiosidade, repulsa... desse mundo?
RR – Tudo isso... O sonho número um dos homens é ter duas mulheres ou
participar de um swing. A mulher tem medo, insegurança e repulsa. Mas também tem
aquelas que me procuram indignadas porque o parceiro não topa.
AR – Você disse em algumas ocasiões que a estética, o corpo, a beleza
tem influência da mídia. A mídia impõe ou reflete o que há? E quando não
tínhamos a mídia? Mesmo assim se vê que elas tinham uma luta no aspecto
estético (moda).
RR – Mídia não existia, mas moda sim, tendência sim. A mídia só mostra
as tendências. Quando falo em mídia influenciar é muito no sentido do consumo.
Determinado batom, creme pra celulite, cápsulas de beleza, tal marca de bolsa
ou sapato... E por aí vai.
AR – O que é ser sensual? Sensual pra quem?
RR – Sensualidade tem muito a ver com atitude e não com estética. Ontem
mesmo teve um exemplo disso no fantástico. A nova musa do salgueiro com 104kg.
Sensualidade é sinônimo de auto-estima trabalhada e não corpo trabalhado!
AR – Você disse certa vez que mulher tem libido pela inteligência do
homem. Por outro lado, nota-se claramente que homens bem trajados exercem maior
desejo. São os charmosos... Como é isso?
RR – Digo porque homens são basicamente visuais e mulheres não. Homens se
excitam quando olham fotos de uma mulher gostosa... mulheres acham bonito, mas
pra excitar ele tem que ter o cérebro trabalhado. Porque somos muito auditivas
e sinestésicas.
AR – O que é um homem de 'pegada'?
RR – É aquele sensível ao ponto de perceber quando estamos pra carícias
sutis ou quando queremos alguém que nos puxe pelos cabelos... Sensibilidade é
sinônimo de homem de pegada.
AR – Recebeste testemunhos de mulheres que passaram a fazer algo que não
faziam na cama depois de participarem de um curso teu? O que as levou à
mudança?
RR – Sempre recebo. Algumas mudaram porque passaram a ver seu corpo de
maneira diferente, passaram a usá-lo como uma arma em busca do prazer e não ao
contrário como acontece muitas vezes. Muitas usam o corpo como escudo por
diversos motivos, como padrões de beleza, vergonha por virem de uma criação
repressora. Outras mudaram porque entenderam que cama é parque de diversões. Estamos
lá para nos divertir e não para divertir apenas o parceiro. Na verdade é bom
brincarmos com todos os brinquedos disponíveis nesse parque, até pra vermos com
qual nos identificamos mais. Outras mudaram porque perceberam que viemos de uma
cultura muito repressora. Aprendemos que colocar a mão nas parte íntimas é
feio. Imagina colocar a boca então? Perceberam que quando estamos entre quatro
paredes, o pudor tem que ficar fora e não dentro.
AR – As igrejas sempre pregaram sexo depois do casamento. É essa a repressão
de que falas?
RR – Uma delas. Além de ser depois do casamento, muitas outras práticas
são condenadas... até o desejo em si.
AR – Se as igrejas, por exemplo, pregam o sexo depois do casamento
incorrem no risco da incompatibilidade na cama. Como resolver isso depois?
RR – Pra resolver isso só tendo muita paciência e vontade de mudar. Isso
no caso de quererem manter o casamento. Mas conheço casais que estão juntos há
décadas e o sexo aconteceu apenas depois do casamento. Foi um aprendizado para
ambos. Estar aberto para novas possibilidades, sem medo de aprender e descobrir
o que te traz prazer... Aí pode ter jeito sim!
AR – Nesse 'parque de diversões' há confrontos também. É possível mudar
o fato de uma mulher ter nojo de receber a gozada na boca, por exemplo? Ou ela
desejar isso e o cara ter nojo: “como vou beijar essa boca depois?”
RR – É possível sim. Nisso também sofremos com informação deturpada.
AR – Como assim?
RR – Muitas têm nojo porque acham que o esperma é sujo. Sujo é se não
conheço clinicamente meu parceiro, ponto. Nesse ponto do cara ter nojo é muito
mais complicado. Até porque gozar na cara dela é gostoso, mas beijá-la na boca
depois é nojento??? Então ele tem nojo do próprio corpo... Esperma é o que o
homem tem de mais puro no corpo, se ele for saudável.
AR – Por que casados tendem a esfriar sexualmente ou entrar numa rotina?
O que fazer pra tornar a aquecer?
RR – Têm certas coisas simples, mas que tem um efeito devastador com o
tempo para homens e mulheres. Doses homeopáticas aos poucos minam a relação.
Por exemplo, como homens são basicamente visuais, uma das formas de manter o
interesse é procurar cuidar disso... Luz acesa! Homens gostam de ver,
independente do corpo. Mulheres precisam ser escutadas, tocadas (e não nas
partes óbvias). Isso por si só é um afrodisíaco pra elas.
AR – O cansaço parece ser mais forte que a libido. É possível mudar e
ter desejo mesmo depois de um dia intenso de trabalho?
RR – Para um se manter sedutor para o outro é importante que tenha certo
mistério. Tudo que é sedutor é misterioso. Quando desvendamos totalmente alguma
coisa, podemos continuar gostando, mas que perde o entusiasmo, perde. É
possível sim, se estou cansada depois de passar o dia cuidando de filhos, sem
dormir direito, estresse no trabalho, ideia
de sexo pode parecer nada atraente para uma mulher, afinal precisamos relaxar
pra gozar. Se meu parceiro é compreensivo e ao invés de me convidar pra ir pra
cama, dizer que tá com tesão, ou simplesmente ir direto ao ponto, não será a
solução. Ao invés disso, chegar e me propor uma boa massagem nos pés, afinal
devo estar muito cansada, a probabilidade de relaxar é grande... até porque não
associei a sexo, com certeza estarei mais pronta do que nunca pra uma noitada
bem fogosa.
AR – Você falou num video que a comida caseira pode ser uma delícia, mas
que às vezes se pode querer um pastel ali da esquina, mesmo que se arrependa
depois... Dar uma escapada pode fazer bem pra relação?
RR – Posso dar uma escapada com meu parceiro também. Escapadas acabam
acontecendo porque os casais não fantasiam juntos. Sair da rotina, não precisa
necessariamente ser com outra pessoa, posso sair dela com meu parceiro.
AR – Já ouvi mulheres dizerem que depois da maternidade se sentiram
diferentes sexualmente. O que há de científico, psicológico ou de cansaço
nisso?
RR – Muitas coisas. Níveis de testosterona baixam, cansaço físico e
mental, mudanças no corpo que podem afetar o psicológico...
AR – Um conselho pra finalizar.
RR – Que tanto homens quanto
mulheres tenham mais atitude. Nenhum dos dois tem bola de cristal pra saber o
que o outro deseja exatamente. Para as mulheres, que deixem o pudor do lado de
fora do quarto e voltem a usar quando saírem dele, em todos os campos da vida
onde é bem mais necessário... Para os homens, que usem mais o ouvido e o verbo.
E para ambos, beijem muito na boca!
Show de bola!!!
ResponderExcluirGostei do estilo "bate-papo"!!! Ponho desde já o bedelho, concordando com dois pontos (citados acima) essenciais para o início da satisfação sexual feminina: segurança (estima nas duas vias) e tempo (dedicação). = ) bjos ao AR e à RR!!!!!
ResponderExcluirAdri
Oi André!
ResponderExcluirQue ótimo ter curtido o link da Cenário espaço mulher. Quando vieres a Santa Maria entre em contato para conhecer a empresa! Rita Rostirolla é nossa grande incentivadora!
Abraço,
Ana Lúcia e Marisa
Ser elegante e ao msm tempo didático na hora de falar de sexo neste universo de tabus e desinformação é p/ poucos mortais.
ResponderExcluirFoi bom prá vcs?
P/ mim foi ótimo...rsss
Sugestão para uma possivel segunda entrevista André...q tal incluires dúvidas de teus amigos de página (devidamente selecionadas)?
Sexo é muito bom. Quanto mais informação melhor.
ResponderExcluirUm grande abraço André.