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    É PAPEL DO EMPRESÁRIO


    Hoje pela manhã fui ao lançamento da 14ª edição do Sul In Moda, rodada de negócios que será realizada pelo Núcleo da Moda da Amrec, nos dias 9 e 10 de janeiro de 2012, no Siso’s Hall. Como conheço relativamente bem os meandros do arranjo produtivo no qual as confecções estão inseridas, atrevo-me fazer uma observação. Quando nasci meus pais começaram um comércio de tecidos em Porto Alegre. Aos meus 10 anos iniciaram uma confecção e ainda hoje, aos 75 anos, minha mãe tem suas máquinas de costura. Logo no início da confecção, em Jaguaruna, minha mãe ia na Fenit, o maior evento de moda da América Latina na época. Também fui chefe de produção numa estamparia.
    Crescimento econômico sempre foi um desafio para qualquer governo. Mas qual a parte do governo, qual a do empresário e qual a do trabalhador? Neste artigo quero abordar apenas parte do papel do empresário.
    É comum ouvirmos todo o tipo de reclamação quanto às parcas iniciativas dos poderes executivos para que haja crescimento econômico, geração de empregos e, assim, o padrão de vida de todos possa melhorar. Porém, há limites de toda ordem para cada um dos agentes, além das iniciativas peculiares.
    No encontro de hoje conversei com o empresário Guilherme Dagostin Baldessar, cuja família tem as marcas Disparô, na linha de moda festa, vestidos de festa, com pronta entrega num preço popular, e Dolce Romance, na mesma linha de festa, porém para seus representantes atuarem, com maior valor agregado. É esta marca que costuma levar para a rodada de negócios. Seu caso é emblemático.
    Sua família começou na confecção em 1989 com moda básica, focados no varejo, e permaneceram trabalhando produtos com preço popular até 2001. A partir desse ano sua produção ficou menor, voltada apenas para suas três lojas com outras marcas. Eles tinham a sensação de que precisavam mudar para crescerem, mas sem saber o que e como.
    Segundo o consultor do Sebrae, Eugênio Martinez, “os empresários sabem que precisam mudar, mas não sabem o que fazer. Muitos nem querem mudar por que estão acomodados copiando o que as grandes marcas fazem”. O consultor, que vive diariamente o desafio de fazer os empresários saírem do círculo vicioso em que se encontram, atesta o que também percebi quando atuei na Associação de Micro e Pequenas Empresas (AMPE), que a visão dos confeccionistas é muito estreita, ligada diretamente à sua baixa escolaridade e não têm consciência do quanto o cooperativismo faz diferença positiva. “As novas gerações, que passaram por uma faculdade, tem outra visão, bem mais ampla” disse Martinez.
    A empresa de Baldessar teve no cooperativismo, através do Núcleo da Moda, o acesso a consultoria por um custo muito menor se pagasse sozinha. A parceria com outros empresários do mesmo ramo rendeu excelentes frutos como atualização constante, a possibilidade de concorrer com grandes marcas, propiciou visão melhor de mercado, vistas técnicas e até mesmo mudança na estrutura e funcionamento da fábrica.
    Mas o salto foi a partir de 2009 quando decidiram por entrar no seguimento de roupas de festa. Essa mudança se deu por conta da consultoria, pois fez ver que havia uma carência no mercado. "Nos últimos dois anos temos crescido mais que todos os outros anos", disse Guilherme. O avanço é tal que ampliaram fábrica, trocaram maquinários, aderindo aos eletrônicos, e fizeram treinamentos de funcionários. Hoje a família tem lojas para vender no atacado no Portal Shopping (Maracajá), Master Shopping (Brusque) e em março de 2012 abre em São José do Rio Preto (SP). O avanço sobre o Estado de São Paulo deve-se a pesquisa de mercado fornecida pela rede de shoppings Litoral Sul. Num raio de 500 quilômetros têm mais clientes em potencial que o dobro de Rio Grande do Sul e Santa Catarina juntos, por exemplo.
    É uma mudança de paradigmas, rompimento com vícios e assimilação do novo. Esta parte não há governo ou Sebrae que faça pelo empresário. E ouso dizer que boa parte das dificuldades da região de Criciúma se dá por conta da dificuldade do empresariado de perceber que o mundo mudou, que há novas tecnologias e, principalmente, a forma de gestão do seu empreendimento, caso queira crescer, precisa ser atualizada. Há muitas ferramentas de gestão que, empresários de longa data, acreditam ser “bobagem de faculdade” e resistem de forma a trazer sobre si mesmos enormes dificuldades.
    É papel do empresário desejar o novo, reciclar suas ideias e não se acomodar.

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