UM TEXTO APÓCRIFO DENTRO DO NT
No capítulo 5 do evangelho de João é descrito um episódio muito interessante. Tratemos a narrativa como se verdade fosse. Ei-lo:
Temos no verso 13 algo inadequado à misericórdia e avesso a um líder: "¹³ Jesus se havia retirado, em razão de naquele lugar haver grande multidão". Estaria com medo do povo?
No verso 14 surge aquilo que fundamentou a superstição durante séculos dentro da fé cristã: "¹⁴ Depois Jesus encontrou-o no templo, e disse-lhe: Eis que já estás são; não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior". Doença não era, para esse Jesus, um caso biológico de contaminação, ou herança genética, ou mesmo maus hábitos alimentares. Era resultado de pecado. Poucas coisas são tão desconectadas da realidade quanto tal afirmação porque quem deixaria de pecar?
Enfim, os mestres dos púlpitos não observam detalhes para que não seja ameaçada a razão de estarem no púlpito.
O tanque de Betesda em homenagem ao Deus romano da cura, Asclépio |
² Ora, em Jerusalém há, próximo à porta das ovelhas, um tanque, chamado em hebreu Betesda, o qual tem cinco alpendres. ³ Nestes jazia grande multidão de enfermos, cegos, mancos e ressecados, esperando o movimento da água. ⁴ Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; e o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse.⁵ E estava ali um homem que, havia trinta e oito anos, se achava enfermo. ⁶ E Jesus, vendo este deitado, e sabendo que estava neste estado havia muito tempo, disse-lhe: Queres ficar são? ⁷ O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me ponha no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim. ⁸ Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma o teu leito, e anda. ⁹ Logo aquele homem ficou são; e tomou o seu leito, e andava. E aquele dia era sábado. ¹⁰ Então os judeus disseram àquele que tinha sido curado: É sábado, não te é lícito levar o leito.
Estava cá num culto e a "pastora" usou este texto para falar do poder de Jesus e da importância da fé. Todo o floreio se resume nisso. Mas nada que remetesse a um estudo do texto e, obviamente, como fazem os manipuladores, usou-o apenas para validar o discurso de milagres e prosperidade.
A primeira coisa a ser dita é sobre o contexto. Não há qualquer registro histórico ou arqueológico sobre anjo agitando água. O tanque é obra romana, dedicada ao deus da cura, Asclépio. Para complicar ainda mais, este capítulo, para muitos estudiosos, foi adicionado muito tempo depois, já que não consta dos papiros mais antigos. Ou seja, uma superstição secular do império que reforça a ideia de que o NT foi uma "seleção" do imperador Constantino com vistas a manter a dominação do povo (como fica claro em Romanos 13.1-7).
Indo adiante, esse capítulo é absolutamente claro em seu objetivo: agredir a ideia do Sábado. Também é evidente que nada há contra o que é dito sobre o anjo agitar a água. Ora, Jesus não nega, nem qualquer texto no Novo Testamento. Pelo contrário, o texto afirma que a água ERA agitada por um anjo.
Agora a parte mais estranha. Da mesma forma que o anjo curava um a cada vez, Jesus foi lá para curar apenas um, em total desprezo aos demais. Também o sortudo não precisou de fé e, sequer, conhecia o Mestre. Está ali APENAS um Jesus que quis confusão contra o "guardar o sábado". O pobre moribundo foi uma ferramenta. Este episódio faz lembrar de outro, desse mesmo Deus, quando o povo fugia do Egito e perambulava no deserto, em Números 15:32-36.
A primeira coisa a ser dita é sobre o contexto. Não há qualquer registro histórico ou arqueológico sobre anjo agitando água. O tanque é obra romana, dedicada ao deus da cura, Asclépio. Para complicar ainda mais, este capítulo, para muitos estudiosos, foi adicionado muito tempo depois, já que não consta dos papiros mais antigos. Ou seja, uma superstição secular do império que reforça a ideia de que o NT foi uma "seleção" do imperador Constantino com vistas a manter a dominação do povo (como fica claro em Romanos 13.1-7).
Indo adiante, esse capítulo é absolutamente claro em seu objetivo: agredir a ideia do Sábado. Também é evidente que nada há contra o que é dito sobre o anjo agitar a água. Ora, Jesus não nega, nem qualquer texto no Novo Testamento. Pelo contrário, o texto afirma que a água ERA agitada por um anjo.
Agora a parte mais estranha. Da mesma forma que o anjo curava um a cada vez, Jesus foi lá para curar apenas um, em total desprezo aos demais. Também o sortudo não precisou de fé e, sequer, conhecia o Mestre. Está ali APENAS um Jesus que quis confusão contra o "guardar o sábado". O pobre moribundo foi uma ferramenta. Este episódio faz lembrar de outro, desse mesmo Deus, quando o povo fugia do Egito e perambulava no deserto, em Números 15:32-36.
Estando, pois, os filhos de Israel no deserto, acharam um homem apanhando lenha no dia de sábado. E os que o acharam apanhando lenha o trouxeram a Moisés e a Arão, e a toda a congregação. E o puseram em prisão, porquanto ainda não estava declarado o que se lhe devia fazer. Disse, porém, o Senhor a Moisés: Certamente morrerá esse homem; toda a congregação o apedrejará fora do arraial. Então toda a congregação o levou para fora do arraial, e o apedrejaram com pedras, e morreu, como o Senhor ordenara a Moisés.
Assim, os seguidores da vontade divida manifestada lá atrás, achavam-se corretos e prontos para matar aquele homem que saiu carregando sua cama. Sim, ordem de Jeová. Que mestre divino colocaria a vida de um doente em risco em função de calendário?
Temos no verso 13 algo inadequado à misericórdia e avesso a um líder: "¹³ Jesus se havia retirado, em razão de naquele lugar haver grande multidão". Estaria com medo do povo?
No verso 14 surge aquilo que fundamentou a superstição durante séculos dentro da fé cristã: "¹⁴ Depois Jesus encontrou-o no templo, e disse-lhe: Eis que já estás são; não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior". Doença não era, para esse Jesus, um caso biológico de contaminação, ou herança genética, ou mesmo maus hábitos alimentares. Era resultado de pecado. Poucas coisas são tão desconectadas da realidade quanto tal afirmação porque quem deixaria de pecar?
Enfim, os mestres dos púlpitos não observam detalhes para que não seja ameaçada a razão de estarem no púlpito.
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