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    SOMOS O QUÊ MESMO?

    Zilhões de gentes ao longo do tempo passaram por esta existência sem deixarem registros e estão irremediavelmente esquecidos. Alguns sabemos apenas por estarem em nossa árvore genealógica. Outros por fazerem parte da história, mas limitados ao que alguém registrou. Pensamentos, opiniões, angústias e sonhos viraram NADA.

    Monumentos à fragilidade da existência por recorrerem à matéria

    Dentro daquilo que nos move, sendo nosso amor por filhos e pais a mais forte das ligações, o alcance é limitado. No máximo nos orgulhamos de algum parente que tenha participado de uma guerra, um feito notável, um cargo relevante. Contudo, e apesar de tudo, vivemos como se fôssemos seres à volta dos quais o Universo giraria.

    Quando vejo alguém dizer que o Universo conspira a seu favor, por exemplo, fico cá imaginando o tamanho da petulância do tal. Não passa de sórdido delírio de quem tem que se apegar ao imaginário porque não tem materialidade alguma de que se envaidecer. Quando vejo um Zé Ruela dizer "Deus está vendo teu sofrimento", com uma Bíblia na mão, para outro Zé Ruela que pediu orações, dá uma sensação horrível de imbecilidade. E reforçam isso pela hipótese de uma eternidade. Ora, que valor há em nos enviar pra cá, brigarmos com tudo de ruim à volta e, talvez, "subir"? Que Deus carrasco é esse que nos entrega ao sofrimento para ser o Salvador? Você colocaria um filho no mundo para que ele dependesse de ti em tudo? E caso se virasse sozinho você o desprezaria?

    Tais elucubrações me remetem à diversão. Ora, o lance é tornar tudo o mais divertido possível. Afinal, que consequências poderiam advir para quem não existe? Que condenações à quem não está neste mundo poderiam ser possíveis? Não, não me venha com reencarnação porque daí iremos para o mais profundo da estupidez. Assim podemos dar sentido à nossa vida sem quaisquer compromissos vindouros.

    Quando olho a mim mesmo, nesse contexto, imagino apenas meus filhos relembrando nossa relação. Nem sei se os netos terão apreço por mim a ponto de se envaidecerem como descendentes. É tudo muito esquisito!

    Eis a vida e sua desimportância.

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