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    SEPARATISMO - OPÇÃO NATURAL

    Sou um separatista convicto. Creio que união, tudo junto e misturado, não reflete nosso modo de vida primitivo, bem como o hodierno. Contudo, isso não significa conflito. Pelo contrário, elimina muitas das possibilidades de confrontos. Então, permita-me explicar.

    Desde animais formamos grupos, famílias, clãs, comunidades, cidades, países, continentes. A separação identifica, dá origem, aponta modos de vida. Somos tão separados que nossas casas têm divisões. Não te ocorre dos benefícios das gavetas? Essas divisões nos mantiveram como espécie. As migrações foram separatistas e delas surgiram toda a sorte de povos.

    As separações se dão desde a família e local em que nascemos, passam pela linguagem, pelas roupas, alimentação etc. Somos INDIVÍDUOS e, portanto, separados ou diferentes, únicos. Todos os nossos comportamentos apontam para divisão em gostos e necessidades. A formação de grupos é apenas a coincidência de gostos ou sua sublimação com vistas à convivência.

    Nossas reuniões são por afinidades. O que gostamos e como gostamos nos aproximam uns dos outros. Ora, se nos aproximamos pelas afinidades a falta delas nos dividem. E muito disso não é racional, não é escolha, mas um complexo ajuntamento em nosso Ácido Desoxirribonucleico (DNA).

    O Irã, onde floresceu a cultura Persa, é um ícone da diferença

    Assim como em nossas casas formamos hábitos, jeitos de arrumar e limpar, como nos divertirmos e assuntos preferidos, as demais famílias da mesma forma. O casal traz para a vida esse mundo de informações, objetivas e subjetivas, e espontaneamente formarão outro núcleo de novos hábitos, etc. O sucesso do casamento está nas afinidades, não nas diferenças. Estas geram conflitos, aquelas prazer.

    Essa é a razão pela qual formam-se culturas. O encontro de muitas pessoas movidas pela identidade de grupo, cuja necessidade remete à própria proteção, constroem modos de vida que se replicam nos descendentes. Assim, temos desde os temperos da alimentação até as regras em sociedade. A arquitetura ilustra bem este aspecto, pois é a arte de um grupo influenciado pelos materiais disponíveis na natureza, adaptados pelas tecnologias por ele desenvolvida. A roupa, presa ao clima e recursos, fez estilos.

    Mas por que sou separatista? Porque a natureza se fez em milhões de anos dessa forma e me parece absurdo querer mudar isso pela simples satisfação de uma parcela. Óbvio, se a maioria desejar ser outra coisa essa será sua cultura, diferente de outra, e de outra... Tudo porque jamais haverá um modo de vida satisfatório a todos. Ademais, temos enorme prazer em fazer turismo. Queremos ver a beleza do diferente, de suas cores, sons e sabores. Não necessariamente ser como o outro. Milhões visitam Dubai por ano, mas não se tornam árabes.

    Os conflitos se dão pela não aceitação do diferente na convivência. Não está no melhor ou pior. Eis o mal! Se o sujeito ali do lado quer ser diferente, que seja. Se eu o condenar por seu modo de vida dou a ele a liberdade de condenar meu modo de vida. Isso se ambos não interferirem um no outro por seu modo de vida. Que problema me traz o vizinho se almoça às 8 horas e eu às 14 horas? Mas se faz barulho às 4 horas, quando estou dormindo, teremos problemas. Se eu interferir em sua vida privada teremos problemas.

    Se posso visitar uma família sem pressionar seus hábitos, podemos aceitar todas as formas de vivências. Posso visitar um bairro, um Estado, um país e não mudar nada em minha vida. Nem por isso haverá problemas para ambos.

    O separatismo é uma das formas mais claras de liberdade. Você sendo como quer e nós curtindo aquilo que pudermos juntos. Não há razão para gerar mais conflitos tentando eliminar diferenças. Diferenças nos identificam.

    Por fim, aquele papinho de união, chato e burro, só faz sentido quando as partes têm inimigos e/ou necessidades em comum. Desfeita a ameaça, desfeita a união. E seguimos com nossas vidas!


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