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    ADEUS FACEBOOK

    Por Jack London, no site da revista PEGN

    Nos idos de 2009, escrevi um artigo em que afirmava que o Orkut (lembram-se dele?), na época a mais importante rede social, brevemente perderia seu lugar. Orkutianos fanáticos me responderam com delicados insultos, pois consideravam a afirmação um despropósito, uma espécie de campanha negativa. Como sempre faço nestes casos, não respondi, apenas me lembrei mais uma vez, com saudade, do Altavista, do Yahoo!, do Geocities, do Second Life e de tantos outros.

    A hora do adeus do Facebook como rede social dominante está chegando. As razões são várias. Começo por um artigo escrito pelo jornalista Nick Foley, no jornalão americano USA Today, na semana passada. Segundo ele, os adolescentes americanos já estão migrando para novos sites. O crescimento do Face é cada vez menor e o questionamento sobre os números divulgados é cada vez maior. Segundo Nick, os meninos estão em busca de algo mais atual. Jake Katz, arquiteto chefe do site YPulse, afirma que o Face virou “um apelo de massas para que multidões incluam seus filhos e familiares como amigos, criando uma conversa familiar e não uma rede social. Jake produz então uma frase de efeito, de grande força: há um novo sabor de gratificação pessoal na procura de novas redes, papel que o Face já não pode mais cumprir. Segundo pesquisa de mercado do YPulse, cerca de 18% dos teens americanos preferem “check-in” no Foursquare e 10% dizem que o Pinterest é um site melhor para navegar. São números já hoje importantes, e sua tendência é de crescimento.

    Outro dado importante é a redução acentuada do crescimento do Face. Segundo a empresa de pesquisas ComScore, o Face, que afirma ter quase 900 milhões de membros, teve em abril de 2012 apenas (!) 158 milhões de visitantes únicos, o que corresponde a um crescimento de 5% sobre os números de abril de 2011. Chama atenção o fato de que o crescimento entre abril de 2010 e abril de 2011 foi de 89%.

    O Facebook tenta reagir, com diversas iniciativas e mudanças no site, mas a história da internet, a curta e fulminante história da internet, é implacável: um céu de estrelas brilha sempre enquanto logo abaixo um cemitério de gigantes caídos emite fogos-fátuos, bruxuleando agonias.

    O último fato que chama a atenção na história recente é a forma equivocada como a empresa preencheu seus formulários para a Oferta Pública de Ações. Números que não se confirmam e projeções duvidosas. Este assunto, no entanto, deve ser observado com mais atenção por todos, especialmente por você, caríssimo leitor, empreendedor ou profissional.

    Estamos assistindo estarrecidos, aqui mesmo no Brasil, a esse fato se repetir, desta vez com as maiores empresas do país. A atual presidente da Petrobrás, Graça Foster, vem a público afirmar que nos últimos anos a empresa viveu num mundo de fantasia, com planejamentos e propostas longe da realidade. Uma refinaria que seria construída com investimento de US$ 3,7 bilhões não ficará em pé com menos de 20. E a OGX, empresa líder do grupo de Eike Batista, que afirmava que seus primeiros dois poços de petróleo teriam uma produção de 12 mil a 15 mil barris por dia e já admite, depois de relatório de grande banco americano, que esse número não passará de 5 mil barris. Como assim? Onde foram parar os outros 10 mil barris diários? Rumores de que a mesma situação se repetirá brevemente com a Vale inquietam os investidores. Tome cuidado com o que você lê, reflita, compare fontes, desconfie de números estratosféricos, que nos dão a sensação de que também podemos reproduzi-los e que se não o fazemos é porque não temos “ousadia”, “foco” e “crescimento acelerado”.

    Viver, meus amigos, é um pouquinho mais complicado e, se o seu empreendimento se consolida lentamente, tenha certeza: você faz parte da grande, da imensa maioria de brasileiros que batalha para fazer suas empresas chegarem ao futuro.

    Comecei com o Facebook e acabei com a Petrobrás, a OGX e a Vale.

    E você, onde está, montado em ilusões ou com os pés no chão, que às vezes é atoleiro, mas quase sempre é ponto de apoio?

    * Jack London é fundador da Booknet, primeiro negócio virtual que ganhou fama no Brasil, e da Tix, empresa de comercialização de ingressos on-line. Atualmente é professor, consultor e empreendedor.
    Para falar com Jack London e sugerir temas para suas colunas, mande e-mail para jlondon@ism.com.br e coloque ColunaPEGN no campo assunto.

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