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    O VEREADOR E AS CAMISETAS DO TIME

    Vi essa imagem distribuída no Facebook e sobre ela comentei como verás na sequência.


    Minha postagem:
    Ora, ora, ora... Não é função mas pode fazer. Por que não? Vereador deixa de ser cidadão? Deixa de querer ajudar? Vamos parar com essa coisa idiota de faz-de-conta, com essa hipocrisia. O cara precisa de votos e não vejo o menor problema dar um jogo de camisas pro time do bairro e pedir voto. Ruim é o cara não dar nada e ainda pedir voto. Corrupção é coisa muito diferente... Todo mundo quer alguma coisa em troca pelo que faz. Todo mundo, inclusive o autor desta porcaria que estou compartilhando!

    Muito bem, dada a incompreensão ou minha falta de clareza me senti compelido a ir um pouco além no que escrevi. Mas primeiro devo dizer que minha conduta pessoal ao longo dos anos diz alguma coisa. Estranho é a análise pontual sem olhar para o todo para conceituar-me. Ao menos, julgo, poderiam dizer: "Peraí, não está batendo. Podes explicar?" Então repondo à pergunta que não foi feita.

    As funções legislativas do vereador estão claras e muito bem colocadas na imagem distribuídas no Facebook. Porém, a segunda parte engessam o dito cujo e ele deixa de ser um cidadão como eu e você. É mais ou menos como se disse: "Só pode ser bom para a comunidade quem não tem cargo eletivo". Isso mesmo. Como um político não poderá mais fazer uma doação, se assim o desejar? Sobre isso também escrevi dia 17 de julho de 2011, que você lê aqui.

    Creio firmemente que candidaturas são feitas através de uma construção que leva tempo. O sujeito começa com atividades públicas numa associação de moradores, por exemplo, e vai ampliando essa relação até ser candidato. Experimentei fortemente essa relação por militar desde meus 15 ou 16 anos no meio em que vivo. Vivi seis meses dentro de uma favela em Mauá (SP), ajudando da forma que pude, aos 19 anos, quando a vasta maioria dos guris queria e ainda querem festas. Aqui na região ainda me envolvo com trabalhos voluntários. Por conta disso e de outros fatores sobraram convites para ser candidato a vereador. Isso mesmo: fui convidado. Nunca me ofereci para tal. E é assim que muitos são introduzidos na vida pública, sendo convidados dada sua atuação. Por tanto, dar um jogo de camisetas pode ser uma cooptação se o time quiser e, principalmente, são os jogadores que pedem. Duvido o time de bairro que não tenha pedido isso, seja a um empresário, seja a um político.

    O jogo de camisetas pode ser uma metáfora. Significa o envolvimento do sujeito na vida de sua comunidade. Se fazia antes de ser eleito, por que não poderá continuar? Além disso, é um estímulo à prática do esporte: camiseta, o calção e a chuteira, assim como outras tantas coisas. Isso dá votos? Talvez. Muitos deram camisetas sem elegerem-se. O fato é que é preciso se envolver, é preciso atuar na comunidade, ser visto por ela por quatro anos, tempo do mandato, e por toda a sua vida pregressa.

    Contudo, faz anos defendo outro formato para nossas casas legislativas como escrevi no dia 23 de abril de 2011 que você lê aqui. As discussões como estão postas a nada levam e não alteram o sistema. Em sendo assim ficaremos a discutir indefinidamente.

    Voto deve ser vendido, trocado, negociado ou o que for. É preciso que algo seja dado em troca. O próprio povo cobra isso. Se um vereador debruçar-se estritamente sobre suas prerrogativas legislativas não sairá do gabinete e não receberia um voto sequer noutro pleito. Mais que imaginarmos o que seria o certo ou o errado é preciso pensar pragmaticamente. E nisso é que insisto.

    Além disso, que sujeito não pensaria em si? Ora, é assim que atendemos bem nossos clientes, para vê-los comprar mais, contratar mais, nos dar mais dinheiro. Fazemos trocas, vendemos sorrisos, negociamos gentileza e considero absolutamente hipócrita, imbecil mesmo, o discurso que faz do político um ser diferente, que deixa de ser uma pessoa para tornar-se algo que ninguém consegue ser. O que ele quer e precisa é voto.

    Parar de exigir o impossível ajudará muito. E lembre-se: ninguém compra o que não está à venda!

    Abraço do Roldão.

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