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    MÁGOA, RAIVA E INVEJA

    Seriam a mágoa, raiva, inveja, dentre outros, sentimentos negativos? Quem os vive traz sobre si coisas ainda piores? Eles devem ser banidos de nossa vida? Não. Nada disso!

    A vida é feita, dentre outras tantas coisas, de causas e efeitos, e de mecanismos de proteção que desenvolvemos ao longo de milhares de anos de existência da espécie. A mágoa reflete a ação de outros sobre alguém ou sobre si mesmos. A raiva vem dessas mesmas origens mas envolve um sentimento mais profundo ou diferente, pois enseja o desejo de vingança, de provocar dano a outro, de sentir-se reparado. Por sua vez a inveja remete ao desejo de ter, ser ou sentir o mesmo do outro. Nada disso é ruim em si mesmo.

    Quem pode dizer que estar magoado é ruim? Ora, a mágoa reflete a interação com o meio, o reconhecimento dos próprios sentimentos. Nos magoamos porque sentimos. Quem não sente, não passa de um boneco. Um paralelo se dá com os autistas que não demonstram afeto. E como tal são especiais, são pessoas reconhecidamente anormais, dignas de uma atenção que os demais não têm. Abstrair a mágoa seria não reconhecer os próprios erros como quem não pediria perdão porque simplesmente não percebe a necessidade e, assim, não desejaria a própria adaptação ao meio. Por fim, não seria capaz de cobrar do outro, como num casamento, a mudança do cônjuge a bem de uma convivência minimamente satisfatória. Ora, se não me magoo com minha esposa ela continuará cometendo agressões sem aperceber-se que causa dano. Da mesma forma quando ela reclama de minhas atitudes que lhe parece ruins. A mágoa é um bem inerente e indispensável ao ser humano.

    Tudo que ocorre em nossa vida e o que fazemos dela ou através dela pode gerar coisas boas e ruins. É assim com a raiva. Graças à raiva tomamos ações contra as injustiças por exemplo. A raiva é uma mola propulsora, motivação e força para ações contra danos, contra o mal. Quando trocamos o voto porque queremos alguém melhor no poder, quando nos negamos a conviver com pessoas que nos fazem mal ou procuramos outras experiências, podem ser fruto da raiva. Advogados vivem da raiva alheia. Como sentimento ela toma as mais variadas proporções e intensidades. Portanto, não é a raiva, mas sua motivação e como se refletirá em nossas ações que faz a diferença.

    Por sua vez é a inveja que nos faz querer além do que temos. Ela é uma das bases de nossa economia, quando um vê o que outro tem e quer o mesmo. Assim a Volkswagen tornou-se campeã em vendas no Brasil, da mesma forma a catarinense Consul tornou-se referência em refrigeradores, além das marcas de roupas etc. Quando invejamos elogiamos o que o outro tem ou é. É uma forma tácita de dizer: "você é feliz" ou "você é melhor que eu"! As profissões mais desejadas são fruto da inveja. Os locais mais frequentados subsistem da inveja. O que entendemos por estilo, o arquitetônico, por exemplo, se forma na inveja, já vem da repetição do que alguém fez. O que seria o fã (de artistas), senão uma pessoa que inveja quem está no palco? Sempre haverá quem rompa com o ciclo de feiura de um local, fazendo algo belo e sendo copiado pelo demais.

    A inveja é um dos mais poderosos motores da economia. Sustenta a produção em massa e sua consequente redução de custos. Reduz a necessidade de inovação ou do diferente. Torna o mercado mais acessível e assim por diante.

    Por fim, raros admitem que é bom ser invejado. Massageia o ego. Tem que posar de humilde condenando a inveja. E há um zilhão de formas entre extremos. Um vai e discretamente compra algo que invejou. Mas há o que quer destruir o outro porque tem ou conquistou.


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    A inveja é representada negativamente porque, em geral, não é percebida como natural, necessária e produtiva.
    Está claríssimo que cada um desses sentimentos mudam de pessoa para pessoa, mas não podem deixar de existir. Uns se magoam mais facilmente, outros têm na raiva uma marca registrada e outros se deixam levar pela inveja a tal ponto de perderem a própria identidade. Usamo-las para nos proteger das agressões do meio e isso envolve, não somente evitá-las, bem como agir contra. Cabe olhar-se e ponderar sobre o que sofre ou faz, suas motivações e omissões, reações, covardias e ações intempestivas para buscar o que é melhor para si e para as pessoas à sua volta.

    Abração do Roldão!

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