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    E SE OS MILITARES ASSUMISSEM - A MORAL DO OUTRO

    Triste, mas não devemos fugir da realidade, a ideia de que se os militares assumissem o poder no outro dia haveria uma elevada moral espalhada pela imensidão do Brasil. É essa a visão por dentro do apelo por uma intervenção inconstitucional reivindicada pelo povo, ou boa parte dele. Inconstitucional por não ter amparo legal. Nem podemos discorrer sobre o "tem que matar tudo", por tratar-se apenas de mero desabafo sem qualquer sentido.
    O pensamento inserido nessa revolta remete à moral do outro. Sim, emerge a ideia de que precisamos de outro, no caso o Exército, para refazer a moral de um povo. Ora, não estávamos sob a égide dos militares até 1985? Estávamos. E como o país virou um antro de corrupção em tão pouco tempo? A resposta, creiam, está no próprio povo. A corrupção estava ali, inerte, latente.
    Contudo, sabe-se, sem muito esforço, que os próprios militares, os honestos, lidavam com a corrupção 24 horas por dia, 365 dias por ano. Não havia trégua. A entrevista do ex-presidente João Figueiredo para o jornalista Alexandre Garcia (abaixo), faltando menos de dois meses para deixar o poder, não deixa dúvidas.

    Não tenho dúvidas que nosso povo é, em geral, de bom carácter. Aquele percentual de picaretas, desvairados, bandidos, anti-éticos, é bem abaixo da vasta maioria. Porém, fazem o estrago necessário em nossa sociedade. E como se criam? São fruto de nós mesmos. São nossos parentes, colegas de escola, colegas de trabalho, vizinhos... Não creio que sejam a maioria. Apenas estão entre nós desde o berço. A maioria é leniente, flexível, passiva, não reacionária diante do crime. É, no mínimo, o "silêncio dos bons". Ou, deveras evidente, a consciência do mal pode ser temporariamente anulada, como no roubo de carga de caminhão acidentado. Levam até os pneus e nem por isso saem praticando crimes como modo de vida.
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    O saque de cargas é um estado febril da imoralidade nacional
    Infelizmente não há o que fazer se na origem está o ambiente propício para a formação de assaltantes daquilo que é bem público. Ainda mais com a força da ideia de que todos os políticos são ladrões. Coisa que leva a não ter trabalho de observar os bons. Supondo que todos os gatos são pardos porque acenderiam as luzes para distingui-los?
    Evidentemente vemos os arautos da verdade com suas soluções incríveis. A mais comum é a da falta de Educação, a formal. Nada mais desconectado da realidade que escolaridade tirar do crime. Quem vem com essa não observa a Lava-Jato. Também não percebe que pobres há de elevada moral e que a matéria (ou falta dela) não o corrompeu. Escolaridade jamais produzirá um povo exemplar em sua conduta. No máximo bandidos ainda mais espertos!
    Há possibilidades. Pais que gerem filhos que assumam responsabilidades e que deixem (ao menos em parte) a ideia de que a solução será uma moral elevada DO OUTRO, seria um bom começo. Crianças que cresçam num ambiente de patriotismo, no qual haja a consciência de que o país é feito por homens e mulheres honrados. Quiçá a força de entender que o país é de seu povo e não de seus políticos.
    Enfim, e se os militares assumissem? O máximo que o Exército poderia fazer é meter medo e, assim, a criminalidade seria diminuída. Entretanto, a corrupção, como uma doença momentaneamente controlada, um dia tomará conta do corpo aflorada num estado febril.

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