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    O BALA MORREU

    Sim, o Bala morreu. UM HERÓI! O cidadão mais famoso do bairro Presidente Vargas, Içara, morreu. Seu corpo não suportou mais a bebida. Não sei seu nome, apenas o apelido e isso basta; não sei sua idade, acho que sei onde morava, mas sei que fomos camaradas um com o outro. Passava por aqui e dizia "Ô André!".

    Ele foi um herói. Um bêbado, de amanhecer deitado na calçada. Mas um herói. Ao menos para mim. Ele teve a coragem de satisfazer seu desejo de embriaguez, sem receio dos outros. Não tive, até hoje, esta coragem. Ele foi o "fodam-se vocês!". Viveu entorpecido, distanciando do sofrimento à volta na cachaça. Muito melhor que nos entorpecermos com ideias loucas, com a ânsia de "mundo melhor", reprimidos por moralidades de boa convivência.

    Não foi daqueles diretores de Caep, posando de exemplares, que se vendem por trocados em época de eleição. Não foi aquele chapeador que passou massa por cima da ferrugem, arrotando ser o melhor. Tampouco não foi o pastor que pregou curas divinas e correu pro médico pra consertar o joelho ou suturar o resvalo do facão. Não foi aquele eleitor que pega dinheiro de um e vota no outro (ou foi?). Não foi o marido que privou a família pra gastar com putas. Não foi aquela esposa que trata o marido como o pior ser humano do mundo porque quer apenas fazer algumas coisas sem ela por perto resmungando. Não foi o professor esquerdopata que fala em democracia e liberdade pra doutrinar seus alunos numa ideologia podre.

    A imagem pode conter: 1 pessoa, em pé e óculos de sol
    Herói porque viveu à marguem das regras morais
    O Bala, não se preocupou com o "pecado". Deus era uma coisa, a cachaça era outra. Deixou-se dominar por quem de fato aliviava sua mente e não precisava de fé, nem de rituais, nem de medos, nem "fazer o bem". Ele fez o bem que quis a si mesmo e viveu mais que religiosos babadores de ovos de líderes ou que pegam em bíblias como se fosse um amuleto sem saber porra nenhuma do que está escrito.

    Foi um herói pra mim. Ou melhor, um anti-herói. Não quis fazer história e será lembrado por gerações. A dona Cotinha, minha vizinha, falecida há uns 20 anos, é lembrada por quem? O Barra Velha, dono de um bar aqui na esquina é lembrado? Bem, serviu o Bala e outros tantos viciados em bebidas. O Bala será comentado por meus filhos com seus filhos porque divertiu, porque falava coisas sem nexo, porque era fora do normal. O Hercílio também será lembrado por gerações!

    Não se enganem com este texto. É verdade. Os aduladores de culturas podres como a nossa, cheia de moralidades e absolutamente leniente com o roubo e a propina, que enchem igrejas no culto à hipocrisia, não me atraem. Olho para os incorretos, honestos em sua existência, pecaminosos, de moral questionável e penso, penso muito.

    Adeus Bala, o bêbado, não te sigo os passos porque não consigo chutar o balde e mandar a vida pra puta que pariu! Que bem é ser bom? No fundo queria ser andarilho... Queria não pagar impostos, sem telefone, sem responsabilidades, sem exemplos a dar!

    É tudo muito pesado.

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